18/04/2016

Violência contra a mulher cresce 50% no primeiro trimestre em Holambra

Crime é o segundo mais cometido na cidade, segundo Polícia Civil.

Apesar de Holambra ser um município com pouco mais de 12 mil habitantes, ele não está livre de crimes contra gênero. Segundo dados da Policia Civil, só no primeiro trimestre de 2016 nove casos de violência doméstica foram registrados, contra seis no mesmo período do ano passado. Um aumento de 50% nos índices de Maria da Penha do município. Para a delegada local, só mudança de pensamento é que deve coibir esse crime de origem machista.

No índice deste ano, os meses que apontaram maior número de casos foram fevereiro e março (mês em eu se comemora o dia da mulher), com quatro denúncias cada. Em janeiro foram apenas dois delitos. Já em 2015, cada um dos três meses do trimestre teve dois registros cada, totalizando seis denúncias.

Para a jornalista Jhenifer Costa, autora do livro “Depois do Sim”, em que relata histórias de mulheres vítimas de violência doméstica, apesar dos números chamarem a atenção para um município com o porte de Holambra, é muito difícil que eles retratem a realidade, uma vez que há muitas denúncias não realizadas. “Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2015, (Violência contra a Mulher e as Práticas Institucionais) apontou que 9% das vítimas se sentem culpadas pelas agressões que sofrem. Esse número constata que as vítimas se sentem merecedoras da violência, dando ao agressor mais poder, inconscientemente. Diante disso, a situação é muito mais delicada, mas felizmente, tem solução. Eu acredito que a única forma de mudar isso é através da educação e da conscientização das vítimas.”

Hoje o atendimento às vítimas de violência doméstica é feito na Delegacia de Polícia, que encaminha ao judiciário pedidos de medidas protetivas cabendo ao poder dar baixa ou não.

De acordo com a delegada da cidade, Juliana Belinatti Menardo, o perfil da mulher agredida em Holambra normalmente inclui pessoas que mudaram-se para a cidade e que vêm de ouras culturas. O que é identificado no Boletim de Ocorrência.

Recomeço

Embora a violência doméstica seja vista e encarada apenas como um mal que atinge fisicamente a mulher, ela não precisa de casos extremos para ser caracterizada como tal. A violência psicológica e as ameaças também são parte de relacionamentos abusivos e colocam mulheres a mercê de um mal que acontece dentro do próprio teto.

Aos 17 anos, B, que não quis se identificar, foi vítima de um relacionamento abusivo com um jovem de Itu. Na época, em 2013, ela estava na casa do rapaz quando no meio da meio da noite ele a atacou.

Segundo conta a vítima, o caso teria acontecido porque ela estava trocando mensagens com a ex namorada do jovem, que fazia insistentes perguntas à nogueirense.

Durante a agressão, o rapaz pegou a jovem pelo pescoço e a pressionou contra a parede, dizendo: “Ta branca agora, né?” Uma forma de intimidação para ressaltar o medo da vítima. “Eu nunca me senti tão mal”, relembra a jovem. “Nunca achei que um homem faria isso comigo e ele ali, me segurando, apertando meu pescoço, só frisava que ele era quem dominava a situação e eu era uma presa.”

Depois da agressão o jovem saiu do quarto, deixando-a trancada, voltando horas depois.

No dia seguinte, ele ainda forçou a jovem a ter relações sexuais com ele. Embora ela não quisesse, se submeteu por medo, o que caracteriza um estupro.

Após o caso, a jovem voltou para Artur Nogueira e rompeu o relacionamento, mas as marcas daquilo ainda lhe acompanham dois anos depois. “Nunca tive relacionamentos longos porque não gosto de me sentir pertencente a alguém, e aquilo me deu mais medo. O que as jovens têm que entender é que elas são donas de si e não precisam ficar nessas situações. Eu achava aquele garoto encantador, nunca imaginei que ele pudesse fazer algo assim comigo, mas aconteceu. Voltar para casa depois da agressão foi libertador para mim.”


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