12/07/2017

Presidente da Associação Moinho Povos Unidos relembra história do monumento em Holambra

Tony Hulshof está há nove anos à frente da entidade e garante que moinho traz orgulho aos moradores

Leonardo Saimon

Aos pés do moinho, Tony Hulshof resgata uma história que lhe traz orgulho. Foram necessários 20 anos para que o sonho da construção de um moinho fosse efetivado na ‘Cidade das Flores’. O monumento, todavia, conta com manutenções regulares, que estão sob o cuidado da Associação Moinho Povos Unidos, presidida por Tony ao lado da vice-presidente Ivonne De Wit. Convicto, Hulshof assevera que o valor simbólico que a estrutura do moinho tem a Holambra é o mesmo que o do Cristo Redentor para o Rio de Janeiro.

Sob o comando do arquiteto holandês Jan Heijdra, o moinho Povos Unidos foi inaugurado no dia 12 de julho de 2008, e, hoje, com nove anos de idade, ele é o principal cartão postal da cidade. Em entrevista ao Portal Holambrense, Tony Hulshof elenca o papel que a associação desempenha, quais os desafios que a entidade precisa enfrentar e os projetos ambicionados de sua equipe.

O moinho Povos Unidos é o mais alto dos quatro moinhos existente em toda a América. Com uma altura de 38 metros e meio, o moinho de Holambra é meio metro maior que o Cristo Redentor.

Leia a entrevista na íntegra: 

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O que a associação Moinho Povos Unidos faz hoje? Ela faz a gestão do moinho.

E de que maneira se dá essa gestão? Operação dele, manutenção do moinho, na gestão de pessoas, no receptivo. Implica em tudo. Toda a parte de gestão visto em qualquer empresa faz parte das atribuições da associação. Tudo isso é feito, basicamente, para atender a população local e os turistas. Para que eles possam conhecer este monumento público de turismo.

Há quanto tempo existe esta associação? Ela foi criada em junho de 2008. Mas de uns dois anos para cá, nossa associação passou a ter um contrato. Nós estamos fazendo a gestão desse moinho há dois anos. O moinho ficou sete anos fechado ao público. Então, nós fazemos a manutenção para que esse moinho dure mais tempo. Porque é madeira e madeira, infelizmente, precisa de muita manutenção.

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E como ela foi formada? Ela se formou com a participação de duas pessoas de cada entidade aqui de Holambra. Participaram a Prefeitura com dois integrantes, o Clube, o Museu de Holambra, o Rotary Club, a Cooperativa e outras duas entidades. Eram sete entidades ao total, com catorze pessoas. Essa associação não pertence a ninguém. A gente trabalhe neste moinho para que ele se perpetue por mais um bom longo tempo. Atualmente, cerca de 30 pessoas compõe a associação.


“Nós fazemos a manutenção para que esse moinho dure mais tempo”


Quais são os desafios que vocês enfrentam com a associação? Recursos! Basicamente, recursos. O grande desafio é a falta de recursos. A manutenção do moinho custa bem mais do que arrecadamos. A arrecadação da bilheteria não é suficiente para custear o moinho. Então, nós temos doadores, patrocinadores, convênio com a Prefeitura e o conjunto de todos esses recursos é o que viabiliza de as coisas acontecerem. Muitas coisas aconteceram nestes últimos dois anos como, por exemplo, fizemos toda a reforma do subsolo; fizemos a reforma dos três andares e fizemos reformas no pé do moinho e agora vai entrar a parte de pintura do moinho, mas a pintura na parte de baixo já aconteceu. Vamos pintar a parte de cima. Vamos entrar com a iluminação do moinho e, inclusive, a gente quer ligar no dia do aniversário dele. Se você olhar, já dá para enxergar os canhões.

O que te leva, apesar dos desafios, a estar à frente da associação? Na realidade, eu sou presidente hoje, mas eu não apenas ‘sou presidente, eu ‘estou presidente’. Até hoje não houve uma pessoa que me substituísse, mas vou preparar alguém. A ideia é que essa substituição aconteça a cada quatro anos. Por ter ficado sete anos parado, acabei ficando sete anos como presidente porque não tinha lógica de passar para ninguém. Com estes dois anos tendo atividades e como ano que vem vence o meu mandato, então, vamos ver se tem alguém para me substituir.  

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O que o moinho representa para Holambra? Primeiro que Holambra é uma colônia holandesa. Eles tiveram toda aquela dificuldade pós-guerra e vieram para cá, cerca de 150 famílias, para se estabelecerem aqui. Dessas 150 famílias, começaram a criar uma comunidade muito forte com a cultura holandesa. E essa cultura permanece até hoje. E o moinho é um ícone que representa toda essa cultura. Essas famílias veem o moinho como um pedaço deles aqui no Brasil. Esse moinho é igualzinho aos que existem na Holanda, tem as mesmas características, é um moinho holandês.


“O grande desafio é a falta de recursos”


Os brasileiros que moram na Holambra se identificam com o moinho?  Essa era uma preocupação muito grande nossa. Eu sou brasileiro, então eu tenho que defender os brasileiros. Realmente, a gente se identificou e deu um nome característico daqui: Moinho Povos Unidos porque se refere a todos que estão nesta terra chamada Holambra.

Como que surgiu a ideia deste nome? Engraçado, porque nós tínhamos uns 15, 20 nomes para serem dados ao moinho. E cada pessoa tinha um nome para ele, e defendiam esse nome. Foi uma discussão de meses para poder dar um nome. Até que um dia, o José Luiz Duzzi, que era o diretor de Obras da Prefeitura, na época, sugeriu este nome em uma reunião com o prefeito Celso Capato, e também estavam o Jan Heijdra, arquiteto responsável pelo moinho, e eu. Nós estávamos tomando uma cerveja em Campinas (SP) e daí surgiu esse nome. Então, essa conversa foi muito legal porque nós estávamos procurando essa identidade: Brasil, Holanda e só tinha uma forma de isso acontecer, nomeando como Povos Unidos. Ele é um moinho brasileiro e vai continuar sendo, com características holandesas. Ele foi construído 100% com material brasileiro e, também, construído por brasileiros.

A construção deste moinho também teve uma contribuição política… Houve uma vontade enorme por parte do prefeito Celso Capato para conseguir esse moinho. Ele facilitou de todos os lados para que isso fosse viabilizado. Isso, a gente tem que tirar o chapéu, porque ele realmente foi responsável pela execução. Ele trouxe o recurso do Dade [Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias], entrou com recursos do município, enfim, foi um visionário. A gente já vinha falando para ele que era importante, mas quem somos nós para fazer essa parte política, nós não somos políticos, político era ele. O Jan Heijdra se colocou à disposição por causa dos holandeses que tinham aqui. Então, ele deu de presente para Holambra esse moinho. Já o Dr. Fernando nos deu o incentivo para fazer este moinho funcionar. O Celso Capato construiu e o Fernando Fiori pôs em funcionamento. 

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Quais são os projetos para o moinho? Primeiro projeto e o mais importante é manter o moinho em manutenção completa e perfeita. O segundo projeto é trazer a cultura e a história dos moinhos no mundo aqui para o nosso moinho. Então, teremos no primeiro andar toda a história dos moinhos, no segundo andar, todas as discussões sobre os moinhos na Holanda e no terceiro andar o nosso moinho. E o qaurto projeto é pôr o moinho em operação. Fazer com que ele produza farinha. Mostrar que este moinho é verdadeiro, funciona.

Como os moradores e turistas têm correspondido a este monumento? Eu não tenho nenhuma pesquisa nesse sentido, eu acredito que o povo de Holambra tem orgulho desse moinho. Eu acredito! Porque ele é uma referência como lugar, como parte turística. E digo mais ainda, dentro do Circuito das Águas, considero o moinho como um dos principais pontos turísticos deste Circuito. Porque, realmente é um ponto turístico. Quando a gente fala do Rio de Janeiro, do que a gente lembra? Do Cristo Redentor. Você tem o Cristo, de braços abertos, parado, e é contemplativo e para por ali. Ele é um monumento do Rio de janeiro. Ele tem 38 metros de altura, o nosso moinho tem 38,5 metros. No nosso moinho, o turista tem acesso à parte interna dele, vai no deck, você tem uma visão geral de Holambra e tem o conhecimento da cultura dele.


“O projeto é trazer a cultura e a história dos moinhos no mundo aqui para o nosso moinho”


Você poderia elencar algumas curiosidades sobre o moinho? A primeira curiosidade é na área tecnológica. Em 1904, inventaram a peça diferencial para caminhões, para carros, que foi feito na época e patentearam isso. Só que em 1414, foi construído um moinho na Holanda com essa peça. Ele já existia antes mesmo de patentearem no século vinte. A segunda curiosidade é que os moinhos também funcionam como um centro de comunicação na região em que ele estava construído. Por exemplo, você conseguiria transmitir qualquer informações para a comunidade. Eles colocavam as pás de tal maneira para dizer quem nasceu, quem morreu, como que foi, qual é a festa da comunidade. E, por fim, outra curiosidade era a sintonia que os holandeses tinham com o meio ambiente. Quando dava as descargas elétricas, eles pediam proteção. E naquela época, eles criam na fada boa, na fada ruim, a bruxa, ou seja, se ouvia muito dentro da cultura medieval sobre essas coisas. Pensando nisso, eles diziam ‘põe uma vassoura de bruxa no pé do moinho que vai proteger contra os raios que vinham’. Na época, não existiam aterramentos e proteções contra os raios. Hoje, o nosso moinho tem uma vassoura para resgatar essa crença.  

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