24/05/2017

Os Treze Porquês e a controvérsia

Por que a série “13 Reasons Why” tem causado tanto burburinho?

Verônica Lazzeroni Del Cet

Quando estreou no final do mês de março, nenhum brasileiro imaginava a polêmica que “13 Reasons Why” provocaria entre a comunidade da área médica, entre pais e adolescentes, os quais são o público de maior audiência da série televisiva. Inspirada no livro de mesmo nome que a série, “13 Reasons Why” relata aos telespectadores os treze motivos que levaram a jovem Hannah Baker a cometer suicídio.

Já se percebe que o assunto em questão é espinhoso, assim como os temas paralelos que serão tratados ao longo dos treze episódios da primeira e única temporada até o momento (embora a segunda temporada já tenha sido confirmada pelos produtores). Temas esses polêmicos e que exigem debates constantes na comunidade escolar. Temas já antigos e até mesmo permanentes, como uma chaga de nossa sociedade, que caso não discutidos podem ocasionar distúrbios emocionais graves e às vezes irreversíveis – como foi o caso da protagonista Hannah Baker da série “13 reasons why”.

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Bullying, cyberbullying, assédio, violência e fofocas de mal gosto, são tantos os assuntos cruéis que aparecem na série e justamente por isso pais e alguns profissionais da saúde se preocupam com os efeitos que tal série pode acarretar para jovens debilitados emocionalmente ou que estejam enfrentando a mesma situação da protagonista da produção.

Assuntos que causam dor, que causam angústia, isolamento e desesperança. Estamos falando de jovens que constantemente podem estar vulneráveis a algum desses assuntos em qualquer ambiente, porém com maior frequência nas escolas.

Ao longo da primeira temporada inteira, Clay Jensen – um menino reservado e que gostava de Hannah – recebe um pacote misterioso um dia quando chega da escola. Ao abrir e perceber que eram fitas (aquelas antigas chamadas TAPER) decide escutá-las e descobrir do que se trata. O choque é grande quando percebe que foi Hannah quem gravou todas as fitas e mais grande ainda em saber que ele somente está escutando todas elas porque contribuiu de algum modo para o suicídio da garota Baker.

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Impressionante fica quando passa a conhecer cada culpado pelo fim trágico da história toda que começa pelo final, pela morte de Hannah, e que vai sendo contada com flashbacks que Clay tem de todos os momentos que teve ao lado da garota que ele achava incrível. O que mais vai fazendo a nossa mente pensar e refletir é sobre o silêncio tão desnecessário de pessoas – no caso alunos – diante de fatos tão cruéis que podem incomodar adolescentes e ocasionar em fins horríveis, ou seja, a não intervenção e posterior ajuda.

A questão é; a polêmica é válida? Acredite se quiser, mas já há boatos de muitos grupos de pais e profissionais da saúde que aderem a ideia de que a série é prejudicial caso assistida por um jovem que esteja com problemas como os de Hannah. Ao mesmo tempo, uma notícia vinculada no site de informação “CanalTech” alega que após a estreia da série, o número de pedidos de ajuda por jovens que estejam enfrentando situações de descriminação ou violência psicológica e física na escola têm aumentado.

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Resta saber qual guerra vamos defender, se será a guerra para abolir séries que falam a cruel verdade – mesmo eu discordando que o suicídio seja a saída, muito pelo contrário, uma vida vulnerável precisa ser ajudada imediatamente – ou combater o mal pela raiz, fazer de temas e situações que aparecem em “13 Reasons Why” serem debatidos com consciência em meio a percentagem da população que mais sofre com a falta de diálogo, com o silenciamento de emoções e gritos por socorro.

Emissora: Netflix

Criado por: Brian Yorkey

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Verônica Lazzeroni Del Cet é estudante de Letras na Unicamp


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