17/07/2016

Organizador do Trekker Trek fala sobre o esporte em Holambra

Luiz Antônio Barbosa da Silva e outras quatro pessoas são responsáveis pelo evento que promete agitar a cidade.

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Leonardo Saimon

A 23ª edição do Trekker Trek em Holambra promete agitar a cidade nos dias 30 e 31 deste mês. O evento esportivo faz parte do calendário anual da cidade, mas conta com uma série de novidades para continuar cativando o público, formado por turistas e moradores.  A edição de 2016 espera reunir cerca de 3,5 mil pessoas. A agitação acontece durante todo o dia enquanto o público assiste a potência dos tratores para puxar uma carreta que pode chegar a 100 toneladas de peso em uma pista de terra de 100 metros de comprimento.

A competição desta prática esportiva é reflexo da cultura holandesa em Holambra. Nos anos 1970, o país foi o primeiro de toda a Europa a realizar a competição vinda dos Estados Unidos. Em pouco tempo, outros países adotaram a modalidade até chegar no Brasil por meio dos imigrantes vindos da Holanda. Mas ao contrário do que alguns podem pensar, o esporte também tem sido apreciado até mesmo entre os brasileiros. O evento leva cerca de um mês desde o planejamento até a execução do programa. A presença de bombeiros somados aos equipamentos de segurança reforçam o cuidado tanto dos competidores quanto dos participantes. Em entrevista ao Portal Holambrense, Luiz Antônio Barbosa da Silva, um dos organizadores, fala sobre as prioridades e os contornos que a competição tem ganhado ao longo do tempo.

“A gente sabe que é um esporte divertido, mas é uma brincadeira que tem que ser levada a sério”, reforça Luiz, com a convicção que lhe é peculiar. E explica sobre os cuidados que a organização toma ao realizar o evento. “Nós temos a licença da prefeitura para fazer o Trekker Trek aqui. É tudo legalizado”, destaca. O holambrense também fala na perspectiva de competidor, e revela que a edição deste ano promete trazer muita adrenalina ao público. Luiz também faz parte da Associação Brasileira de Trekker Trek, onde são feitas as regras e normas que devem ser seguidas pelos pilotos que desejam participar da competição.

De que forma surgiram as competições em Holambra? Alguns amigos foram para a Holanda, assistiram a competição e resolveram trazer para a cidade. Era uma outra equipe e eu nem fazia parte na época. Mas eles trouxeram a ideia e começaram a montar as carretas para dar início a competição aqui em Holambra.

Há quanto tempo existe a competição na cidade? Aqui em Holambra começou em 1993. Há 24 anos.

As competições de Holambra são parecidas com as que acontecem no exterior? É muito parecido. Mas na Holanda, eles ainda têm muito mais tecnologia que a gente.

A que você atribuiu o sucesso que o Trekker Trek tem apresentado nas edições anteriores? É um esporte diferente. As pessoas pensam que é uma corrida, mas não é só corrida é força também. Então as pessoas se surpreendem com as máquinas que são totalmente diferentes. As máquinas fazem muita poeira gerando uma adrenalina diferente. As pessoas estão acostumadas a ver um carro de corrida, uma Fórmula Truck, mas de repente elas veem um trator com bastante potência. Acho que tudo isso é interessante para as pessoas que não conhecem. E a gente também tem o nosso público que já conhece e acompanha todos os anos. Pessoas que gostam de coisas relacionadas à mecânica do trator.

No Brasil existem muitos adeptos praticantes ou o esporte é característico de Holambra? É uma característica mais de Holambra, mas nós temos uns amigos que são de Castrolanda (PR) e fazem essa competição também. Inclusive eles vão estar competindo aqui com a gente. Assim como a gente vai competir com eles lá na cidade deles.

Lá também tem uma colônia de holandeses… Sim. E lá tem o Trekker Trek que foi levado e é feito aos moldes daqui.

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E quem que pode participar desse tipo de competição? Pra participar a pessoa tem que ter a máquina, essa máquina precisa ser montada dentro das normas da Associação Brasileira de Trekker Trek (ABTT), que são regras de segurança, o piloto precisa também estar vinculado à associação onde ele vai assinar um termo de responsabilidade. Não é assim tão simples. É um esporte gostoso, bonito, adrenalina muito forte, mas também requer responsabilidades. Existem riscos, por isso é preciso que os tratores estejam dentro das normas. Tem uma equipe de segurança que ao longo do ano analisa, olha o trator antes dessa competição, para o piloto poder ganhar uma autorização para competir. E se tiver uma equipe nova que queira montar um trator, eles precisam ir na ABTT e informa que estão montando uma máquina na competição. Então o grupo da segurança vai visitar e acompanhar a montagem do trator. Sempre que a gente faz alguma mudança no trator a gente precisa comunicar a equipe de segurança do Trekker Trek pra que se tenha essa autorização.

Quanto custa em média para fazer as manutenções necessárias dos tratores? É meio difícil de falar, mas não é barato. Mas a gente tem várias empresas que patrocinam essas equipes de tratores e a ABTT também. Mas pra montar um trator da Livre se for começar do zero é em torno de R$ 100 mil.

Atualmente em Holambra, existem quantos competidores? São quinze.

 Quais são as alterações que costumam ser feitas nas normas da ABTT? Quando eu cheguei já existiam as normas, mas com o passar dos anos nós alteramos regulamentos para melhorar a segurança. Então existem várias mudanças, mas para melhorar a segurança do evento, do trator e do competidor. Nós fomos melhorando as regras e complementando com o passar dos anos toda vez que sentíamos a necessidade de aprimorar no sentido de dar mais segurança. Alguns organizadores foram até à Europa para conhecerem as normas deles e trouxeram pra cá onde foram implantados nas normas daqui.

Quais são as modalidades que têm na competição? Nós temos a categoria Livre, que são as competições entre tratores modificados e a categoria super agrícola que são tratores que a gente usa na lavoura, normalmente durante o ano e quando a gente chega perto da competição a gente faz algumas alterações como a potência do motor, nós mexemos um pouco na bomba injetora, no peso, para se enquadrar na categoria e participar.

Este ano o trekker sofreu alterações na agenda. Por que desta decisão? A gente teve mais procura de inscrições na super agrícola e pra fazer tudo no domingo ia ficar muito corrido. Isso é ruim para o público porque eles querem ver puxadas. Então a gente decidiu, como na super agrícola aumentou bastante a quantidade de tratores, fazer uma eliminatória no sábado. Então a super agrícola vai ter uns 12 tratores dentro de cada modalidade e vão competir nas eliminatórias de sábado quando ficarão os quatro melhores. E os quatro melhores vão puxar no domingo.

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Piloto Leandro Silva, irmão de Luiz, ajusta o motor de um dos tratores que fará parte da competição

Quais as expectativas para a edição deste ano? A expectativa é grande. Existem várias pessoas me ligando, ligando para os outros organizadores querendo saber dessas alterações. E pelas redes sociais nós vemos muita interação, muito interesse. Com esta mudança de fazer a eliminatória no sábado, para o público será melhor e para os organizadores se torna menos corrido.

O que o público pode esperar dos tratores deste ano? A respeito das expectativas dos tratores também é boa, além de organizador eu também sou piloto então nós já estamos mexendo nos nossos tratores, sempre melhorando um pouquinho pra tentar ganhar. E tem uma competição acirrada entre o Bandido, Tornado, Delta Power e Dick Vigarista. Então cada um mexe um pouquinho pra correr melhor no dia e para mostrar uma coisa nova, mas estamos correndo contra o tempo.

Essas competições também resgatam de alguma forma a história da imigração holandesa na cidade… Vejo dessa forma também. Porque a ideia foi deles. O mérito é deles e contaminou a gente.


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