10/06/2016

O amor floresce até em solo inimigo

Filme “Uma Garrafa no Mar de Gaza” mostra desde o surgimento do amor à distância até decisões e dúvidas de adolescentes

Para quem não quer gastar muito no Dia dos Namorados, mas também não quer deixar passar em branco a data em que muitos casais celebram o amor e união, uma sessão de cinema em casa é uma ótima alternativa para realizar um programa romântico com economia em tempos de crise.

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‘Uma Garrafa no Mar de Gaza’ pode ser a opção de filme para o casal. Empenhado em mostrar uma forma de romance entre uma menina de Israel e um garoto palestino, o longa-metragem não somente consegue transmitir o romance que surge de forma pouco usual, como também mostrar que o amor pode ser, sim, fator responsável pelo fim de conflitos ideológicos, que o amor é, sim, capaz de florescer até mesmo entre aqueles que foram declarados como inimigos, habitantes de regiões diferentes, que convivem com as diferenças sociais e políticas enraizadas desde há muito tempo.

Para quem têm um pouco de conhecimento em história, Israel e Palestina convivem de forma hostil. Em meio as tentativas de reconciliação, mediada por países com influências, ou mesmo por personalidades religiosas, ainda existe o clima de rivalidade entre tais países, os quais se tratam como inimigos. ‘Uma Garrafa no Mar de Gaza’ não vai se preocupar em esclarecer a história de intrigas entre Israel e Palestina, porém vai tentar mostrar que o amor entre palestino e israelense é mais fácil existir do que qualquer pensamento que perdure historicamente, pensamentos de inimizades.

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Um casal vai personificar esse possível amor entre Israel e Palestina. Além de explorar as incertezas do mundo adolescente, como também o constante temor em viver em cidades ameaçadas por bombardeios ora de autoria palestina, ora da região rival, Israel, como forma de vingança.

Tudo começa quando a garrafa, com um bilhete, chega no território de Gaza, em uma praia. O jovem de 20 anos Naïm mora com a mãe e trabalha com seu primo fazendo entrega de camisetas. Já Tal é uma jovem de 17 anos, vive em Israel com os pais e o irmão, que é oficial e dificilmente consegue ficar longos períodos em sua casa. Tanto ela, quanto Naïm, moram em regiões onde frequentes bombardeiros acontecem e a realidade de cada um deles é complexa. A garrafa, enviada pelo irmão de Tal, chega às mãos de Naïm e daí em diante os dois jovens vão trocar correspondência através do e-mail.

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Eles conversam sobre tudo e conseguem também, mesmo com realidades diferentes, conversar e aceitar cada um como é e o que cada um pensa de toda a situação vivida. Pode ser uma ideia utópica, talvez um pouco melodramática dizer que o amor é capaz de unir até mesmo os inimigos, mas ao assistir ao filme, é possível perceber que o caminho para a paz nunca foi a guerra, obviamente, mas sim o amor.

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E por mais piegas que possa ser falar sobre o amor em tempos de Dia dos Namorados, ele é peça chave em qualquer relação. ‘Uma garrafa no Mar de Gaza’ consegue provar que onde há amor, há chances de diálogos, de aceitação da realidade de cada parte, de empatia pelas dificuldades de qualquer um. Israel e Palestina convivem em clima de hostilidade, porém o casal, o jovem casal que inicia uma relação de conversas à distância, consegue comprovar que o amor e por amor, sempre haverá um, ou os dois, na relação, que tentará de tudo para fazer surgir um feixe de luz onde há escuridão ou frieza produzidas pela indiferença, pela rivalidade, pela ignorância.

Direção: Thierry Binisti

Gênero: Drama

Elenco: Agathe Bonitzer, Mahmud Shalaby, Hiam Abbass

Título Original: ‘’Une bouteille à la mer’’

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Verônica Lazzeroni Del Cet é estudante de Letras na Unicamp


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