Número de beneficiários do Bolsa Família cresce 755% em Holambra
Aumento pode estar associado ao cenário delicado na economia brasileira.
Leonardo Saimon
O número de beneficiários do Bolsa Família em Holambra cresceu 755% nos últimos doze anos. Em agosto de 2004, somente 18 famílias eram contempladas com o programa no município. Atualmente, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), existem 154 famílias cadastradas na cidade. Especialistas acreditam que parte deste crescimento acentuado é reflexo de um cenário conturbado na economia brasileira.
Em 2004, a cidade possuía 8.128 habitantes. Em 2016, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram um aumento de 68,5% na população holambrense que conta agora com 13.698 munícipes. Os números sugerem que a porcentagem do crescimento habitacional não acompanhou a mesma porcentagem vista no aumento de inscritos.
Esse crescimento no número de beneficiados com o programa, em porcentagem, é cerca de três vezes superior ao da média na Região Metropolitana de Campinas (RMC), que no mesmo período cresceu 225%.
CIDADES | BENEFICIÁRIOS EM 2004 | BENEFICIÁRIOS EM 2016 |
---|---|---|
Americana | 1.013 | 2.639 |
Artur Nogueira | 487 | 1.194 |
Campinas | 8.231 | 29.675 |
Cosmópolis | 331 | 1.754 |
Engenheiro Coelho | 169 | 660 |
Holambra | 18 | 154 |
Hortolândia | 2.470 | 8.311 |
Indaiatuba | 355 | 2.758 |
Itatiba | 796 | 1.540 |
Jaguariúna | 444 | 1.090 |
Monte Mor | 749 | 2.827 |
Morungaba | 97 | 357 |
Nova Odessa | 459 | 749 |
Paulínia | 519 | 2.117 |
Pedreira | 326 | 438 |
Santa Bárbara d´Oeste | 1.821 | 3.485 |
Santo Antônio de Posse | 304 | 1.115 |
Sumaré | 2.834 | 8.266 |
Valinhos | 339 | 1.579 |
Vinhedo | 308 | 1.056 |
Total | 7.764 | 22.070 |
Segundo os dados, as transferências dos recursos financeiros foram feitas para 22.070 grupos familiares na RMC em agosto de 2004, quando o programa foi iniciado. Já em agosto de 2016, 71.764 foram beneficiadas pelos remanejamentos financeiros. Uma média de 3.588 famílias para cada um dos municípios participantes da RMC. Apesar do crescimento exponencial, o município ainda é o menor da RMC em número de inscritos.
O cientista político da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) Marcelo Santos explica que este resultado, em parte, pode ser atribuído ao desempenho econômico que o país tem apresentado, em especial, nos últimos três anos. “Há uma crise grave que se acentuou nos últimos anos, gerando desemprego e de impactos catastróficos, principalmente às famílias de baixa renda”, argumenta o especialista.
Marcelo acredita que esta dura realidade deva perdurar por mais alguns anos e, para contornar a situação, serão necessárias medidas macroeconômicas que resultem na geração de emprego. “O governo Temer já sinalizou que não fará cortes neste programa. As mudanças que estão sendo feitas são para conter o rombo nas contas públicas”, completou.
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