11/06/2017

“Nerve” e o perigo da realidade virtual

O longa-metragem mostra os perigos da esfera virtual e jogos que desafiam jovens

Verônica Lazzeroni Del Cet

Ser desafiado, para muitos, é sinal de uma chance em mostrar a coragem que sente e a capacidade que tem para cumprir qualquer tarefa, ainda mais quando o desafio é público e milhares chegam a conhecer não só o desafiado, mas as consequências de ações desencadeadas por jogos online e que apenas oferecem anonimato e perigo virtual.

A esfera midiática e tudo o que ela oferece, ao mesmo tempo que encurta a dificuldade de comunicação e a chance em conhecer e fazer amigos virtuais, também gera anonimatos perigosos e que desencadeiam muitos jogos ou brincadeiras que não somente expõe vidas de jovens, mas também os enclausuram em situações muitas vezes trágicas. O “jogo da baleia azul” gerou, por certo, muito repúdio de pais e profissionais que, espantados com o desenrolar e aumento da popularidade de adeptos dos jogos, presenciaram e/ou souberam de casos de mortes de jovens que se envolveram no jogo e que tecnicamente não poderiam abandonar o desafio, visto que sofriam ameaças constantes pela rede social, a qual está muito longe de ser conhecida inteiramente por todos os seus usuários.

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Não se trata de uma teoria da conspiração, mas sim um fato de que jogos como o da baleia azul são apenas a ponta do iceberg do perigo que pode ser e é a realidade virtual quando usada negativamente e que de certa forma afeta a vida de adolescentes emocionalmente instáveis ou adolescentes desafiados por colegas. O longa-metragem “Nerve: Um jogo sem regras” vem propor justamente um olhar mais atento para essa questão, demonstrando inicialmente um jogo inofensivo e que propões desafio aos jovens, desafios esses muito engraçados no começo e que bonificam àqueles que cumprem as missões sugeridas pelos chamados “observadores”, pessoas comuns e que apenas acessam o jogo para propor novos desafios aos jogadores e que de certa forma colaboram para o perigo da realidade virtual.

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Um jogo assistido e que vai selecionando os melhores até chegar a uma final, onde o vencedor deverá realizar uma prova desesperadamente perigosa e desumana. Mesmo sendo um filme repleto de clichês e a romantização da relação entre dois participantes do jogo, toca bem na feriada sobre até que ponto estamos sendo observadores de jogos online como “nerve”, nome do jogo virtual do filme. Além disso, o longa-metragem mostra até que ponto estamos protegidos pelos meios digitais que, misteriosamente, ou não tão inexplicavelmente assim, conhecem tudo sobre nós; nossos gostos de leitura, relações de amigos, local onde moramos e assim em diante.

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Muito mais do que mostrar que ao fim há a oportunidade em combater servidores que trabalham no anonimato e alimentam os perigos virtuais, é mostrar que estamos usando de um meio para propagar desafios inúteis aos grupos de pessoas que são fortes, que são inteligentes, mas que nem sempre sabem disso, precisando provarem para si mesmas e para outros que são capazes de vencer – sentindo medo ou não – as tarefas propostas por quem nem mesmo chegaram a conhecer alguma vez na vida. Regado de suspense e sustentando a ideia da criação de perfis falsos, a mensagem moral é passada e mesmo sendo visivelmente americanizada, retrata a importância da discussão e atenção para temas assim.

Direção: Henry Joost e Ariel Schulman

Gênero: Suspense

Elenco: Emma Roberts, Dave Franco, Emily Meade, Miles Heizer e outros.

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Verônica Lazzeroni Del Cet é estudante de Letras na Unicamp


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