10/04/2016

“Momento requer ação e estruturação”, diz novo presidente da ACE Holambra sobre crise

Daniel Lino Rodrigues conta sua trajetória e destaca como a cidade pode se posicionar em momento delicado para a economia.

O advogado e contador Daniel Lino Rodrigues também é, desde março, o novo presidente eleito da Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Holambra e deve estar a frente da entidade pelos próximos dois anos. Enquanto o país fala em crise, Rodrigues vai contra a maré pessimista e chama a situação de “momento diferente”, destacando como o segmento empresarial da cidade pode aprender a driblar os déficits. “A resiliência brasileira não nos faz acomodar-se. E nós estimulamos os empresários a ver esse período como sendo de oportunidade”, destaca durante conversa com a reportagem do Portal Holambrense na sede da Associação.

Otimista, Rodrigues ainda aponta as demandas da ACE para o ano de 2016 e fala que seu trabalho será norteamento pela vontade de retribuir à cidade um pouco do bem que ela lhe fez.

Conte sobre sua trajetória até chegar à presidência da ACE. Estou há 23 anos em Holambra, sempre trabalhando na mesma empresa da qual hoje respondo como titular. Sou contador e advogado e sempre nutri interesse por participar de entidades. Penso que, com mais de duas décadas em Holambra, de alguma maneira deveria retribuir o modo com que fui recebido, deixando minha parcela de contribuição. A forma que encontrei foi atuar em instituições que visam o bem comum. Assim, com a confiança da diretoria e dos conselheiros da Associação Comercial, assumi a presidência da ACE agora em março. Até então, e desde 2014, ocupava a função de diretor de Patrimônio. Em Holambra, também participo da Associação Príncipe Bernardo e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU), neste último como suplente.

Quando você assumiu o cargo disse que “a ACE deverá funcionar como agente de informação e orientação aos associados”. Como pretende fazer com que isso seja algo funcional? A diretoria que foi sucedida neste ano já trabalhava nesse sentido. O que faremos neste biênio, portanto, será manter o trabalho que já é feito na ACE Holambra, com a expectativa de aprimorar os serviços. Gostaríamos de ampliar o acesso dos associados a informações e orientações empresariais, de modo que isso reflita em melhor estrutura do seu negócio. Por isso, convidamos insistentemente o empresariado a participar e utilizar a programação da Associação Comercial, bem como para estar atento aos nossos canais de comunicação.

Qual o desafio de presidir a Associação Comercial em uma cidade turística como Holambra? É sempre grande, pois a Associação Comercial trabalha com ramos muito diferentes (comércio, agricultura, indústria e serviços), cada qual com suas demandas. Mas é claro que a característica de estância turística de Holambra amplia o desafio da função e da própria ACE, uma vez que o turismo agrega mais um segmento empresarial ao município. Procuramos trabalhar apoiando o setor e os organismos que atuam no turismo.

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Ousa conquistar o prêmio ACMais da Facesp este ano? Seria ótimo, uma visibilidade para a ACE em âmbito estadual. Mas o propósito da Associação Comercial é local e o foco está no aprimoramento de serviços, na implementação de ferramentas de apoio aos empresários associados e de atendimento à comunidade.

Quantos associados a ACE tem hoje? Somos 251 empresas.

 Qual a agenda da Associação para 2016? A agenda anual da ACE contempla aspectos ligados às necessidades empresariais, como qualificação e relacionamento com o consumidor. Assim são promovidas ações comerciais de incentivo ao consumo na cidade e de fidelização do consumidor, como a Campanha Compra Premiada e suas respectivas promoções em datas estratégicas (Dia das Mães, Namorados, Pais e Fim de ano), e também uma agenda destinada à capacitação. A agenda da ACE já começou no primeiro dia útil de janeiro com o sorteio da campanha de dezembro e a entrega da moto ao ganhador. Depois, tivemos a agência móvel do Sebrae SP, serviço gratuito de atendimento aos empresários e profissionais interessados em criar seu próprio negócio. No mesmo mês, a ACE promoveu treinamento sobre proteção ao crédito (SCPC) e meios de combater a inadimplência nas empresas, sobretudo no varejo. A agenda seguiu em março com o curso de Planejamento estratégico em vendas, treinamento que buscou preparar associados para potencializar seus negócios, enfrentando melhor a crise. Em abril, a ACE dá a largada para a campanha anual Compra Premiada, realizando sua a primeira etapa, a promoção Dia das Mães. Serão R$ 5 mil em prêmios. A área de capacitação, que é uma das principais referências da Associação Comercial para as empresas e também para a comunidade. No próximo dia 18 teremos a palestra Redução da carga tributária. Em maio, a ACE, será realizado o sorteio da promoção Dia das Mães, no dia 10; início da promoção Dia dos Namorados, no dia 23; palestra Sebrae sobre Custos, despesas e preço de venda, no dia 16; e curso Fluxo de Caixa, com especialista em administração e estratégia de negócios, nos dias 17 e 18. No mais, no dia a dia, a ACE permanece com atendimento e um portfólio com cerca de 30 serviços.

Devido ao perfil da cidade, os desafios dos comerciantes de Holambra se tornam diferentes de cidades como Artur Nogueira, por exemplo? Sim, quando a empresa está na área do turismo, em que os serviços têm um perfil diferente em relação ao varejo tradicional. Para a ACE, entretanto, os maiores desafios do comércio local estão na concorrência regional. Por essa razão, a Associação Comercial sempre busca conscientizar o consumidor, enfatizando que o consumo no município representa investimento na estrutura que ele próprio utiliza, como saúde, educação e outros de interesse público. Além disso, o consumo no comércio de Holambra significa manutenção e criação de postos de trabalho, o que é muito importante para o próprio consumidor e sua família.

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Como a ACE pode ser um suporte aos empresários nesse período de crise?A ACE Holambra oferece suporte de duas maneiras: disponibilizando serviços de apoio à rotina empresarial e orientação para que o empresário ajuste e estruture seu negócio. Neste sentido, a orientação busca o fortalecimento das empresas. Isso se dá por meio de palestras, encontros empresariais, cursos, publicações de artigos e encaminhamento do empresário a serviços como o Sebrae, que tem consultorias especializadas. As orientações contemplam setores como administração, finanças, planejamento, vendas, atendimento e RH, ou seja, áreas que influenciam diretamente no crescimento e consolidação do negócio. Temos lembrado aos empresários de que diante do atual cenário econômico do país, as empresas devem se preocupar com a situação interna do seu empreendimento, desfocando da crise e focando no seu negócio. Uma vez apoiado no planejamento e em profissionais bem preparados, a situação externa do Brasil interfere muito menos na empresa.No que se refere aos serviços, uma das principais atuações está na área de crédito. São 20 produtos com abrangência nacional e destinados a ampliar a segurança na concessão de crédito, redução de inadimplência e avaliação da idoneidade de fornecedores. Além disso, a ACE mantém permanentemente o Serviço de Recuperação de Crédito (SRC), que trabalha diretamente com o consumidor inadimplente, sendo voltado para a comunidade também. Um produto lançado pela ACE e que registrou um ótimo crescimento no último ano por auxiliar as empresas na redução de custos é o ACE-Card. Trata-se de um cartão de benefícios (similar ao vale-alimentação), mas com custo de administração muito baixo. Assim, mais de 600 funcionários de firmas locais já foram migrados para o ACE-Card. Com o cartão, tem sido possível investir mais de R$ 70 mil mensais no comércio da cidade, o que equivale a quase R$ 1 milhão a cada ano.

E falando em crise, o cenário político e econômico influencia em quanto os negócios da cidade? Todos os segmentos da economia são afetados, mas o varejo em Holambra é o mais atingido. Não é possível quantificar com precisão os prejuízos, mas sabemos que a queda nas vendas foi em torno de 18% em janeiro, no cenário estadual, em comparação com janeiro de 2015. Esses números foram divulgados agora em março pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). Todos os municípios paulistas tendem a seguir essa realidade e acreditamos que não foi diferente em Holambra. Sabemos que em 2015, entre associados e não associados, 17 empresas encerraram atividades no município. Há um outro número, entretanto, mais favorável. No mesmo período, 38 empresas tornaram-se novas associadas da ACE, o que demonstra interesse em apoio para superar o período. O que temos orientado aos associados é não focar na crise, evitando engessar suas atividades e, principalmente, de cair no pessimismo. O momento requer ação e estruturação.

Daniel


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