17/04/2017

Médium do Centro Espírita de Holambra esclarece dúvidas sobre a religião

Cenilha de Paula relembra como ingressou na religião e fala sobre trajetória de fé

Leonardo Saimon

Como uma boa espírita devota, Cenilha Vicente de Paula sabe que o dia 18 de abril é uma data sublime para os praticantes da religião. Neste mesmo dia, em 1857, Alan Kardec lançou o primeiro clássico, de uma série de cinco livros, sobre o Evangelho Segundo o Espiritismo. Para celebrar o evento, o Centro Espírita Semente de Luz do qual Cenilha é vice-presidente, promove todos os anos o Festival de Flores e Livros Espírita em Holambra. Atualmente, o município dispõe de dois centros que recebem, por sessão, um grande número de participantes.

Cenilha é natural do Paraná, mas sua vida foi marcada por muitas viagens. Em 2009, fixou-se em Holambra e de lá para cá sente que tem muito a fazer pela fé no município. Sensações extra-sensoriais fazem de Cenilha médium. Mas houve uma luta com ela mesma e com os outros para que houvesse aceitação do dom que tem, e da crença que optou seguir. A espírita vê preconceitos quanto à religião, mas entende que o conhecimento é a cura para a ignorância. Cenilha conta a própria história ao Portal Holambrense um dia antes da data, que é celebrada ao longo de todo o mês de abril.

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O início

Cenilha ri ao relembrar sua trajetória de fé. Por trás dos risos, no entanto, há uma história regada de encontros e desencontros com o Espiritismo. Tudo começou quando ela ainda era muito nova. “Eu tinha seis anos quando vi o primeiro espírito”, conta. Embora criança, a cena de um ser brilhante com vestes alvas nunca saiu de sua mente. Chorou de medo, a mãe biológica, porém, que era espírita, a consolou.

Após a morte da mãe, os tios passaram a cuidar dela. Católicos praticantes, eles a obrigaram a seguir o Catolicismo. A postura não os tornavam más pessoas, Cenilha conta que eles foram muito bons com ela. No entanto, o cristianismo católico ditava as regras. Os dogmas católicos nunca fizeram muito sentido para ela, é como se todo o tempo ela vivesse enclausurada meio a tantas doutrinas. Enquanto isso, os dons de Cenilha afloravam.

A transição

“Eu era bastante ativa na igreja. Quando eu era jovem, eu era uma Legionária de Maria. Um movimento que existe dentro da Igreja Católica”, comenta. Na época, Cenilha auxiliava em obras espirituais por meio de oração e reza pelos fiéis que a ela se achegavam. Ao impor as mãos para orar pelas pessoas, sessões fora do comum tomavam conta dela. Se contasse para o padre da igreja, ele provavelmente a mandaria rezar vários terços. Além disso, não se confessava a homens, exceto duas vezes porque fora obrigada.

Mas tinha um padre amigo com quem contava. Ele coordenava a Legião de Maria e após uma conversa com Cenilha ele deu a ela um livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Naquele momento, após estudar cada ensinamento daquelas páginas, ela entendeu onde era seu lugar.

“Eu diria, de uma certa forma, que o Espiritismo sempre fez parte da minha vida. Porque minha mãe biológica era espírita. Depois que minha ela morreu, eu fiquei na igreja Católica porque o irmão dela, que foi quem cuidou da gente, exigiu que fossemos católicos”, lembra Cenilha. Na segunda metade dos anos de 1980, ela decidiu sair de casa e ir para São Paulo onde trabalhou como Mãe Social. Fora das rédeas do tio, Cenilha agora seguia aquilo que por tanto tempo procurava. No ano de 1988 ela ingressou ao Espiritismo.

O Espiritismo

Se define Espiritismo como uma doutrina de cunho filosófico-religioso que visa elevar a moral do homem por meio ensinamentos transmitidos por espíritos desencarnados. Cenilha resume ao dizer que “o Espiritismo é a fé racionalizada”. As constantes crises que sentia quando mais nova eram sinais de que ela era uma médium. “Eu sou médium e uma vez médium a gente tem sentimentos, coisas que floram na gente, que para a Igreja Católica é coisa do inimigo”.

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No entanto, Cenilha entende que esses dons estão associados aos Dons do Espírito ensinados pela igreja. O dom da Sabedoria, da Vidência, da Cura, ou até mesmo de línguas. Em Holambra, Cenilha é vice-presidente do Centro Espírita Sementes de Luz. As reuniões acontecem todas às quintas-feiras, a partir das 19 horas.

“Conheço muitas pessoas de Holambra que são espíritas, mas se congregam em outros lugares, às vezes, com medo do que as pessoas podem pensar”, revela. Isso ocorre, segundo ela, pelo preconceito que ainda há referente a religião. “As pessoas têm preconceitos porque elas não procuram conhecer”, diz Cenilha. Mudar isso é um desafio, mas o convite para conhecer a prática fica a disposição dos simpatizantes porque a cura para a ignorância é o conhecimento.

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