12/01/2020

“O que eu tinha para fazer na vida, eu fiz”, disse Piet em sua última entrevista

Holandês afirmava que não tinha medo da morte e que estava com espírito de missão cumprida

Mariana Avanzzi

Olhos brilhantes, alegria contagiante, passos sempre dançantes e risada inesquecível. Mesmo em meio a luta contra a doença, Piet demonstrava, através de seu jeito espontâneo de ser, que a morte não o assustava nenhum pouco. Dois meses antes de seu falecimento, em uma última entrevista exclusiva ao Portal Holambrense, o pioneiro e embaixador do maior Festival de Flores da América Latina deixou algumas reflexões que com certeza serão lembradas por quem quiser conhecer a essência do autêntico Piet.

Ele chegou ao Brasil em meados de 1959 com sua família. Na época, Piet tinha apenas 15 anos e não fazia ideia de quem se tornaria. Homem simples, pacato e acostumado com a vida no interior, teve uma reviravolta ao se apaixonar pela arte da dança, que moveu a vida terrena do holândes. Ao ser questionado sobre como se tornou a “cara da Expoflora” Piet diz que apesar de não ter ideia da proporção, tudo foi com muita consciência e trabalho, mas que em nenhum momento deixou que a vaidade sobressaísse.

Impossível deixar de notar o brilho nos olhos de Piet quando se toca no assunto ‘dança’. Para explicar o quanto essa arte movia sua vida, o dançarino chegou a levantar para demonstrar com sua voz forte e marcante. “A dança tem poder de inclusão, de trazer harmonia. Ela ensina que você faz parte de um todo e que é preciso cuidar do todo com energia e sincronia. Para isso, a pessoa tem que se moldar para entrar no ritmo e assim é a vida também”, expressou Piet, entre um passo e outro.

“Não tenho raiva da doença e não tenho medo da morte. O fim da vida não é o fim da vida, consegue me entender? “

Em determinado momento, depois de um longo gole de água e suspiros baixos, Piet se sentiu a vontade de falar sobre sua condição de saúde. Nos revelou que quando descobriu, não quis acreditar e se perguntou o porquê com ele. Mas o sentimento ruim durou pouco, segundo ele. “Não tenho raiva da doença e não tenho medo da morte. O fim da vida não é o fim da vida, consegue me entender? “, disse Piet ao tentar explicar seu pensamento.

De certa forma, o famoso e alegre dançarino já sentia que estava se despedindo. “Na verdade a vida é feita de despedidas e tudo o que eu tinha pra fazer da vida, eu fiz”, se orgulhou. Ainda durante entrevista, Piet garantiu que dançaria até a última Expoflora que pudesse participar e realmente cumpriu o seu desejo. Cumpriu sua missão na terra e trouxe sincronia não só para passos dançantes, mas para vida de todos aqueles que um dia tiveram o privilégio de conhece-lo.

Certamente o céu está em festa e Piet dançará agora em palcos celestiais.

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