21/03/2016

Holambra tem um carro para cada 1,6 habitante

Para especialista, se não houver planejamento número pode oferecer risco a mobilidade urbana.

Segundo um levantamento feito pelo Observatório Metropolitano de Indicadores (OMI) da Agemcamp com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de 2015, Holambra possui uma frota de 8.335 veículos, ou um veículo para cada 1,6 habitante. O número, além de revelar o aumento do poder aquisitivo dos holambreses aponta para um problema, o da mobilidade urbana. Para especialistas se não houver planejamento, qualidade do ar e tráfego podem ser afetados com o tempo.

De acordo com os dados, de 2004 a 2015 Holambra teve um salto de 292% na sua frota, passando de 2.123 para 8.335 veículos. A pesquisa é discriminada em automóveis (carros utilitários), ônibus, caminhões, motocicletas e assemelhados e outros com placas registradas no município.

Na época do primeiro dado, a cidade possuía 8.128 habitantes, o que aponta para um crescimento acentuado até 2015 – na época havia um veículo para cada 3,8 habitantes. Mesmo assim o território de 65.577 km² do município não sofria com os carros às ruas e com os problemas que eles podiam causar.

De acordo com o mestre em Engenharia do Trânsito e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, João Cucci Netto, esses dados fazem com que Holambra figure acima da realidade de outras cidades, inclusive de capitais como São Paulo. Porém não é alarmante, já que a tendência para o crescimento é natural. “Um vírgula seis é uma taxa alta. Mas a tendência não é crescer muito mais não. Porém a qualidade de trânsito depende do equilíbrio entre oferta e demanda e o crescimento da frota pode alterar essa relação. Por isso é importante que haja planejamento por parte do poder público para que a população não sofra”, detalha.

Em oferta e demanda, Netto refere-se as ruas em relação aos veículos, uma vez que é preciso pensar a cidade em seus momentos de alto e baixo fluxo.

No caso de Holambra, por sediar uma grande evento anual como a Expoflora, o cuidado com as vias se torna primordial para que o tráfego não seja problemático.

Exemplo disso vem com a cidade de São Paulo, que desordenadamente abrigou um grande número de veículos e hoje precisa se remanejar com sistemas de rodízios para garantir acesso a todos.

Porém o problema do aumento da frota pode não ser sentido na cidade como um todo, mas apenas em vias específicas que concentram determinadas atividades, ou ainda na qualidade do ar, que gradativamente pode ser afetada. “O aumento da frota aumenta a poluição, mas isso depende da escala. Para chegar a um ponto de atingir a qualidade do ar, a quantidade de veículos deve ser grande”, destaca Netto.

Para combater esses problemas, ele cita que deve partir da administração o oferecimento de transporte público “atrativo” para o usuário, um plano de transporte associado ao plano diretor e o incentivo ao uso de transportes alternativos como bicicletas, caminhadas e afins.

O geógrafo Maico Machado ainda acrescenta a necessidade do poder público “ampliar o sistema de controle de tráfego, melhorar as estruturas de sinalização, ampliar a conscientização dos condutores e rediscutir a sistema municipal de orientação de trânsito, até mesmo ampliando o departamento de trânsito e seus funcionários”.

De acordo com a prefeitura esses problemas ainda não foram sentidos na cidade e o trânsito “segue com boa fluência, sem incidências regulares de lentidão, congestionamento ou acidentes”, além de que projetos tem sido desenvolvidos para dar fluidez ao tráfego. Entre eles estão a disponibilidade de transporte circular gratuito com amplo horário e a implementação de ciclovias e ciclofaixas por toda a zona urbana do município.

Atualmente a cidade conta com dois quilômetros reservados aos ciclistas, concentrados na região central da cidade. Mas o objetivo é que se chegue a quatro quilômetros de extensão. “A expectativa, com a conclusão de obras de infraestrutura já programadas e em andamento, é que a adesão cresça”, destaca.


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