12/08/2016

Holambra registra queda histórica entre eleitores com menos de 18 anos

Número de eleitores entre 16 e 17 anos é o menor registrado em pleitos de eleições municipais.

Leonardo Saimon

O número de eleitores entre 16 e 17 anos é o menor em eleições municipais, desde que se tem registro na história de Holambra. De acordo com dados do Tribunal Superior Tribunal (TSE), o município tem 68 jovens desta faixa etária aptos a votar. O número é 73% inferior ao registrado nas eleições municipais de 1994, primeiro ano de que se tem registro das eleições municipais na cidade, quando foram contabilizados 258. A falta de confiança na política brasileira parece ter causado insegurança entre esses eleitores, aponta o TSE.

Acontece que, naquele período, a quantidade de eleitores geral aptos para votar era muito menor, cerca de 4.209 pessoas, isso representa um eleitorado 147% inferior ao total dos registrados para as próximas eleições, de 10.405. Isso mostra que os eleitores facultativos na faixa etária acima vieram na contramão do crescimento do eleitorado holambrense como um todo. Nas últimas eleições em 2012, a cidade contava com 211 eleitores de 16 e 17 anos, ou seja, um número 67,7 % maior que o deste ano.

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Pâmela Barbosa tem 17 anos e acredita que o voto é uma das ferramenta capaz de resultar em melhorias.

Apesar deste cenário, a estudante Pâmela Barbosa de 17 anos optou por tirar o título. A jovem acredita no papel que ela irá exercer como cidadã ao escolher o próximo governante que gerenciará o município nos próximos quatro anos. “Eu vejo que a cidade apresenta muitos problemas que podem ser melhorados caso eu vote em um candidato que seja de confiança”, defende. Pâmela reconhece o desinteresse político que há entre os jovens da mesma idade, mas vê nas eleições uma oportunidade de reverter este quadro. “A gente precisa ter mais interesse porque muitas vezes os jovens falam do problema, mas não correm atrás para impor suas opiniões e seus direitos”, conclui a estudante.

Os holambrenses, no entanto, não são os únicos a presenciarem tal queda. Esta realidade também é reflexo no cenário nacional.  Em 2012, mais de 2,9 milhões de eleitores de 16 e 17 anos puderam votar ante os 2,3 milhões registrados este ano.

Por conta de algumas burocracias, Mateus Zampieri, de 16 anos, não conseguiu tirar o título. “Eu precisava fazer um cadastro e quando cheguei para tirar o título eu não havia feito. A mulher então me aconselhou a tirar ano que vem”, explicou. Mateus até tem vontade de votar, mas ao pensar um pouco sobre a situação política na cidade dispara: “Acho que ainda tem muita coisa para melhorar”.

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“Ainda tem muito para melhorar”, afirma o estudante Mateus Zampieri sobre a política em Holambra.

Desinteresse Político

O consultor político Carlos Manhanelli acredita que o desinteresse dos jovens é resultado do que a política tem se mostrado. A crise moral nos partidos brasileiros tem atraído cada vez menos os jovens às questões políticas. “Como a política está desacreditada neste país, é normal que isto acontece”, afirma o consultor. O Tribunal conta com projetos a fim de incentivar o jovens a votarem, mas segundo Manhanelli, estas medidas podem ser ineficazes. “Você já viu jovem doutrinado naquilo que ele não acredita? O jovem tem que ser respeitado na sua opinião e não tentar ser doutrinado”, pontua.

“Talvez os partidos também não deem a devida valorização e não dediquem energia a captar e incentivar essa juventude eleitora a passar nesse processo”, defende Gilmar Mendes, presidente do TSE.

“Estamos fazendo todo o esforço no sentido de aumentar o engajamento da população, porque é isso que legitima o processo democrático, como também nos preocupamos muito com a falta e presença nas urnas. Acho que isso também é um movimento de deslegitimação e, por isso, queremos encorajar essa situação de todos os meios e modos adequados”, completa o presidente.


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