01/05/2016

Holambra não deve mais sofrer com falta de água, diz presidente de concessionária

Em entrevista ao Portal Holambrense, Jorge Amin esclarece problemas na rede e fala sobre nova ETA.

A concessionária Águas de Holambra administra a água do município desde janeiro deste ano após vencer o processo licitatório. Neste mês, em que termina o período de transição e ela passa a responder efetivamente pela água e o esgoto, o Portal Holambrense conversou com o presidente da instituição, Jorge Amin, para esclarecer pontos críticos.

Após anos de um sistema sucateado, a cidade ganha uma nova ETA e para Amin é um dos principais caminhos para que a cidade não conviva com problemas de falta d‘água ou de água barrenta.

Quando a Águas de Holambra assumiu a responsabilidade da água da cidade? Depois do processo licitatório foi assinado o contrato, acho que isso foi dia 12 de janeiro deste ano. A partir desse momento começou um período que nós chamamos de transição, que dura três meses. Esse período é para que uma empresa nova conheça a cidade. Mas desde o dia 12 de abril já estamos plenamente na cidade.

Como você avalia esse período de transição? Olha, sempre que a gente chega a algum lugar chega preparado para fazer todo o necessário e não contar com o poder público. Pois, às vezes, o poder público é atuante e as vezes não é. Afortunadamente trabalhamos junto com o Saehol e fizemos uma transição tranquila. Aconteceram problemas, mas foram resolvidos. Tivemos que nos dedicar a coisas que achamos que estavam superadas.

A atividade do grupo deve permanecer pelos próximos 30 anos. Quais as ações urgentes e de longo prazo planejadas para o município? Acho que urgente é regularizar um atendimento básico, que é abastecer a população com água, além de fazer o esgotamento sanitário, que a gente não tem uma atenção especial porque naturalmente o esgoto vai para outro lado. É claro que temos que cuidar dos recursos hídricos. Mas urgente é regulamentar o serviço de água de qualidade de fazer o esgotamento sanitário. Nós estivemos nos primeiros meses dedicados a isso. A cidade previa a inauguração de uma nova Estação de Tratamento de Água e trabalhamos em conjunto com a Saehol para colocar em operação. Já fizemos o condicionamento e hoje isso está funcionando. A ETA não está totalmente como a gente gostaria, mas já está abastecendo a cidade e provavelmente tenha uma inauguração formal em maio. Em relação ao esgoto, a cidade fez uma adequação no sistema e a gente assumiu. Essa estação precisa de investimentos.  Agora, o próximo passo é modernizar o sistema. Diminuir as pernas, modernizar o parque de hidrômetros, fazer uma simulação hidráulica para tentar setorizar a cidade e evitar pressões altas. Ter domínio do sistema. Acho que isso deve se estender em até dois anos. E é algo que nunca acaba. No longo prazo tem que atuar para assegurar o abastecimento da cidade dentro do crescimento da cidade. Mais para frente uma adequação da ETA. Mas isso está dentro de um plano estabelecido para os 30 anos.

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Há informações de que a Águas de Holambra trabalharia junto com a Saehol. Mas se a Águas de Holambra venceu a licitação, por que a Saheol permanece? É assim: nós temos a concessão da água e do esgoto. O saneamento aborda mais duas áreas que são os resíduos sólidos e a drenagem pluvial. Essas são atividades que geralmente são feitas por terceiros e pela prefeitura. Então, o Saehol está responsável por esses outros serviços. Ele está dentro da Ares PCJ e por isso faz o acompanhamento do contrato. Mas operacionalmente deve atuar nessas áreas distintas.

Segundo moradores, é crônico o problema da falta d’água e da água barrenta no município. Como esse problema será resolvido? Isso se vê que era um problema crônico e parece que foi isso que levou o município a buscar ajuda de terceiros. E nós chegamos e encontramos o problema. Nós já enfrentamos o problema e agora a gente tem controlado. Não vou te falar que solucionamos, porque ainda é pouco tempo. Mas hoje sim eu posso dizer o que o problema da água suja foi resolvido. No período de transição resolvemos com algumas atividades operacionais como descarga das pontas das redes. Com isso eliminamos a água barrenta que ficava parado na ponta da linha. Trabalhamos limpando reservatório. A ETA que existia era um velha, precária e tinha dificuldade de atender toda demanda. Ela trabalhava no limite. Então em relação a água suja acreditamos que esteja resolvido. Vamos continuar cuidando para não voltar.

É possível dar um prazo para o fim do problema da falta de abastecimento? Falta de abastecimento não vai ter mais. Com a nova ETA não deve ter. Nesse período de condicionamento da ETA nova nós tivemos alguns dias que faltaram água. Mas foi um transtorno pontual que já foi resolvido. Agora, estoura algum lugar, aí você tem que reparar isso. É uma questão técnica. Nessa questão de falta d’água teve um cliente no centro da cidade que reclamou de falta d’água. Mas isso era só na casa dele. O que acontece: era um problema no hidrômetro. Então tem gente que tem filtro, aqueles filtro retrátil, que o hidrômetro é antigo. E há muitos na cidade. Então, às vezes, temos que substituir o hidrômetro porque o hidrômetro está obstruído. São situações pontuais e a gente atua dessa forma.

Então algumas das reclamações sobre falta de abastecimento podem ter sido originadas  devido ao próprio registro? Nós tivemos por alguns dias um problema… a bomba que estava prevista e que era para ter uma capacidade enorme teve que ser substituída. Então nesse interim da substituição tiveram problemas. Para saná-los deslocamos caminhões pipas para fazer o abastecimento daqueles locais onde há falta de água. Naquele lugar, por exemplo, percebemos que deveria ser colocado três caminhões pipa. Mas era uma parte pontual de ruas, uma parte alta. Hoje, a cidade ainda está nos conhecendo e estamos querendo ser conhecidos. O pessoal não chega com suas reclamações à gente. Percebemos nesse primeiro período que as pessoas não vêm até nós. Então, como vamos solucionar o problema?

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Há participação financeira da Águas de Holambra na construção da nova Estação de Tratamento de Água? Essa Estação de Tratamento de Água é uma estação que a Prefeitura fez e é uma obrigação dela entregar para a Águas de Holambra. Mas o final das obras é sempre triste. O grosso já foi feito, mas os acabamentos são sempre traumáticos. A gente ajudou a prefeitura a terminar fazendo o condicionamento.  Só não temos a obrigação de automatizar ela e colocar equipamentos. Mas o grosso da obra é de responsabilidade da prefeitura. Ela que fez.

Então a estação já está pronta?  Sim. Já está pronta e operando. Sempre há coisinhas a serem feitas, melhorias.

Há uma previsão de inauguração?  O prefeito nos perguntou quando teria condições. Hoje tem condições. Não temos uma data ainda, mas deve ser a partir de maio.

A água que a população está recebendo é da nova ETA? A antiga já foi desativada? Na verdade ela não será desativada. Ela está em funcionamento. Só que para desativá-la completamente a gente precisa fazer interconexões que ainda devem demorar um pouco. Então ela vai seguir funcionando enquanto não fizermos essas interconexões para dar segurança ao sistema. A nossa intenção é desativar ela, remodelar ela, e deixar ela com a contingencia operacional.  Mas é um equipamento bom. Um equipamento que com melhorias tem muito para dar ainda.

A nova ETA vai captar água do mesmo local? Hoje é captado da lagoa e foi autorizado pela Prefeitura uma nova captação no Camanducaia. Só que essa captação depende muito do nível do rio. Então abastecemos um pouco no início, mas hoje estamos com a lagoa e nossa previsão é de continuar com ela. Porque nós acreditamos que essa captação do Camanducaia ainda precisa de melhorias.

Como você classifica essa água? É uma água boa e de qualidade melhor. Agora, a nossa intenção é continuar captando a água do lago. E no Camanducaia vamos trabalhar com algumas melhorias na captação e deixar ela de prontidão para ser usada em algum momento oportuno.

Então a antiga ETA continuará sendo usada? Nós estamos usando ela para abastecer uma parte da cooperativa. A cooperativa usa muita água. Também temos um plano para dentro de um ano remodelarmos o sistema como um todo. Isso significa ter que passar pela tubulação hidráulica para tirar maior proveito do sistema. Já fizemos algumas intervenções e faltam fazer outras. Mas hoje a cidade toda é abastecida pela ETA. A ETA velha está sendo usada para o abastecimento da cooperativa.

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Há alguns meses foi informado de que a falta de água teria acontecido pelo comprometimento de um cano. Foi feito um mapeamento da tubulação da cidade? Qual o estado dela? Essa é uma questão da simulação hidráulica. Aqui é feito um cadastro dos clientes para conhecer o sistema. Com o cadastro podemos fazer uma simulação hidráulica para saber como está a pressão. E conhecendo isso teremos mais condições de gerenciar o sistema. Agora, não posso garantir eu isso terá condições de prever rupturas. Mas poderá se detectar uma área em mau estado.

Faz parte do plano da Concessionária a troca de hidrômetros com mais de cinco anos de uso. De que forma será feito esse levantamento e quando devem começar as trocas? Olha, a cidade não troca os hidrômetros há muito tempo. Até por uma questão firmada com o TAC, existe um compromisso de modernizar o parque de hidrômetro ainda neste ano. E esse é um compromisso da prefeitura. Agora, o nosso plano é fazermos a troca nesse primeiro ano da concessão. Mas também não são tantos hidrômetros, são 3,4 mil. Já houve a troca de quase 500, então os outros 3 mil devemos trocar ao longo deste ano. A princípio é nosso plano. A gente entende assim: Nós vamos reduzir perdas. Se você tem um equipamento que não está medindo toda a água, você está perdendo. Porque o hidrômetro é um instrumento de medição: ele mede a água que consumimos. E é de interesse nosso que ele meça bem. Hoje a maioria da população paga a taxa mínima. Os hidrômetros não estão medindo. Inclusive, não estão medindo os vazamentos. E isso consequentemente pode afetar a conta.

É possível mensurar o quanto de água é perdida em Holambra? Mais de 50%. Mas o dado que está no Plano de Saneamento, o parâmetro para a nossa proposta comercial, fala de 48% de perda. Mas o perdida não significa que não seja usada, pois a água está entrando na sua casa. Só que não é medida. Isso é uma perda comercial.

No início de março, durante a apresentação do Plano de trabalho da concessionária na Câmara dos Vereadores, foi dito que “a presença de material ferruginoso no sistema é responsável pela cor amarelada da água”. Esse material não é prejudicial ao ser humano? Eu não sou técnico para dar uma explicação química sobre esse tema. Mas o que acontece, quando a tubulação fica sem água, ela, pela antiguidade e pela água bruta que passou por ela, ela cria uma casquinha. Quando não tem água, ela seca. Quando a água volta, ela leva esse pó e cria a cor de água suja.  Eu acredito que isso não tenha haver com ferro, mas sim com argila e terra. E como você resolve isso? Não faltando água. Então, na medida que você regulariza o sistema, evitando rupturas, isso não será mais problema.


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