03/09/2017

Empresário de Holambra dá dicas para quem quer ter sucesso nos negócios

Robson Klein conta trajetória que o levou a gerenciar três empresas

Da redação

Da redação

Abrir uma empresa no momento em que o país passa por uma recessão. Largar uma possível carreira e apostar as fichas em um novo negócio. Empreender em meio à crise. Loucura? Robson Klein vê diferente. Nascido em Conchal (SP), o empresário de 35 anos escolheu Holambra como local para gerenciar três empresas. Mas, qual o segredo de obter sucesso na arte do empreendedorismo ao mesmo tempo em que o Brasil atravessa uma das maiores recessões de sua história?

Nesta entrevista, Klein conta um pouco do início de sua trajetória no universo empresarial, que a muitos assusta, e mostra que não há idade para encontrar o trilho do sucesso. Um dos motivos que o levou a encontrar resultados positivos nos negócios, segundo o próprio empreendedor, tem a ver com sua origem. “Venho de uma família batalhadora, que teve sempre, como princípio, a honestidade e a verdade”, ressaltou.

Leia a entrevista completa:

Como decidiu tomar o rumo do empreendedorismo? No ano de 2001, eu trabalhava como colaborador no ramo de transportes de cargas aéreas, mais precisamente na empresa Vaspex. Pouco tempo depois, em meados de 2002, passei a trabalhar na empresa Varig log e, então, no ano de 2003, com todas as dificuldades que a Varig vinha passando, não podíamos dar a certeza para nossos clientes de que suas mercadorias embarcadas seriam entregues dentro do prazo determinado, entre outros inúmeros problemas. Essa situação me fazia muito mal, passava noites sem dormir. Então chegou um certo dia em que um cliente se debruçou no balcão da loja onde eu trabalhava, e disse: “você não é competente! ” Pronto, foi a fagulha que eu precisava!

Como se preparou para se inserir no mundo corporativo? Bom, primeiramente eu separei uma mala pequena de roupas, amarrei sobre minha moto e fui viajar sem rumo para poder refletir sobre o que eu iria fazer. Nesta viagem, descobri que, para poder viver a minha realidade, respeitar e praticar tudo aquilo que meus pais me ensinaram e tudo aquilo que eu acreditava, eu tinha que dar total certeza de que todos os produtos que seriam transportados chegassem a seu destino dentro do prazo, com confiança, responsabilidade e com total cuidado. Então, eu mesmo teria que fazer. Foi aí que decidi abrir minha própria empresa.

Como foi este processo de início? Li livros de autoajuda, empreendedorismo, educação financeira, entre outros, e assim, logo percebi que antes de qualquer ação, eu precisava de um capital de giro. Vendi a moto que eu tinha, guardei o valor da venda para usar como capital de giro e financiei duas outras motos de menor cilindrada para começar o negócio. Em uma conversa com minha querida mãe Maria, Johanna Klein Gunnewiek Visconde, e meu querido pai, Vicente Visconde (já com tudo pronto sem que eles soubessem), perguntei-lhes o que achavam de eu iniciar uma empresa de motoboy em um dos quartos de fundo que tínhamos na casa onde morávamos. O incentivo foi imediato e o apoio foi grandioso. Sem eles eu não teria feito nada. A KS Express estava nascendo.


“Vendi a moto que eu tinha, guardei o valor da venda para usar como capital de giro”


Nos conte um pouco sobre as empresas que você está à frente. Após seis anos de muito trabalho, dedicação e aprendizado com a KS Express, um dia eu estava fazendo uma entrega no Aeroporto Internacional de Viracopos e encontrei um amigo (naquela época, supervisor comercial regional da Azul Cargo), que trabalhou também nas outras duas companhias aéreas que citei anteriormente. Fomos tomar um café e contei toda a minha história. Ele me fez de imediato uma proposta de representar a Azul Cargo em Holambra, abrangendo mais 11 cidades da região. Hoje, faz quase seis anos que representamos a Azul Cargo em nossa região, trabalhando em conjunto com a KS Express (completando 12 anos de atividades), solucionando os mais diversos tipos de embarques dos mais variados produtos, seja via terrestre ou via aéreo.

Mas você ainda gerencia uma outra empresa. Como foi que ela iniciou? Ao longo destes anos, tive a oportunidade de iniciar em um ramo totalmente distinto do transporte, abrindo o leque de possibilidades no mundo corporativo; o de corretor de imóveis. Dada a oportunidade, corri atrás para que eu pudesse me certificar junto ao Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci) e poder, assim, começar a aprender sobre intermediações imobiliárias. Observando todo o segmento, participando de palestras, lendo livros voltados ao setor, realizando algumas reuniões com grandes amigos advogados (hoje, responsáveis pela área jurídica da imobiliária), resolvemos, eu e minha esposa, Thaiane Secchinatto Klein Gunnewiek, abrir a nossa imobiliária, por que não? Mas queríamos que fosse uma imobiliária com atendimento humanizado, personalizado, com foco naquilo que o cliente realmente está buscando.

Você acha que há vantagens em se tornar um jovem empreendedor? Há vantagens e há desvantagens. Há vantagens quando o jovem (futuro) empreendedor sabe o que quer e procura o conhecimento para que o futuro seja promissor. Promissor não somente em ganhos de capital, mas sim, ganhos com desenvolvimento do próprio “EU”. Ele passará por inúmeras dificuldades, mas são elas que o fortalecerá. Não há vantagens quando não se tem amor no que faz, quando não se tem seriedade, quando a vontade não passa de um sonho que o próprio sonhador sabe que não passará apenas de um sonho. É preciso ter fé, coragem e ação.

Há uma idade limite para empreender? Não há idade para empreender. De um lado, me lembro que quando meus pais tinham um mercado (aos meus seis anos de idade), eu fazia uma espécie de aquecedor de marmita, que era feito com um pedaço de madeira quadrado, com quatro pregos nas extremidades e uma tampa de graxa de sapato vazia no meio, onde colocava álcool e acendia. Eu os vendia para os caminhoneiros que ficavam aguardando o descarregamento de produtos para o mercado. Eu vendia muitos desses sem que meus pais soubessem (faltava álcool e graxa no mercado, mas eles não sabiam o porquê (risos). Por outro lado, não existe idade avançada para empreender, lembrando que sempre estaremos nos desenvolvendo e aprendendo. Portanto, por que não empreender se mesmo ao empreender estamos aprendendo? Enfim, claro que não posso dizer que esse exemplo dos meus seis anos serve como definição de idade para empreender, mas aposto e não abro mão em dizer que precisamos incentivar um sonho ou uma ideia, independentemente da idade. Sou muito novo ainda e tenho bastante a aprender, inclusive com os mais novos, mas principalmente com os mais velhos. Resumindo, acredito que o quanto antes empreender, melhor; assim terá mais chances de errar e se desenvolver, usando também o tempo como ferramenta.


“Acredito que o quanto antes empreender, melhor; assim terá mais chances de errar e se desenvolver “


Como você enxerga Holambra no aspecto empresarial? A cidade tem potencial para atrair grandes investidores? Holambra, além de ser uma cidade turística, maravilhosa, linda (sou um apaixonado por Holambra), tem uma localização estratégica: estamos no meio de um polo altamente rico em oportunidades. Lembrando que estamos a apenas 140 km de nossa capital, São Paulo, e 35 km da região metropolitana de Campinas. É fato que Holambra é uma potencial cidade para investidores, sejam eles pequenos, médios ou de grande porte, tendo em vista que várias empresas (até mesmo estrangeiras) em um curto prazo de tempo, já se instalaram aqui.

Quais os maiores desafios em ser empresário na região de Holambra? Por Holambra ser uma cidade pequena, nós entendemos que ela não permite erros e a cobrança de um bom atendimento é constante. Acho que esse seria o maior desafio para nós. Outro desafio que faz parte de nosso cotidiano, é que por ela ser uma cidade pequena, muitas vezes nos deparamos com uma concorrência desleal, pois uma empresa informal, ou seja, aquela que não paga seus tributos (mesmo que a carga tributária seja vergonhosa), tem uma média de 40% mais chances de competitividade. A tributação no Brasil é bastante complexa, mas se cada um de nós fizer sua parte, muito provavelmente colheremos bons frutos.

Qual a melhor maneira de treinar os funcionários? Primeiramente vejo que, antes de capacitar um colaborador, precisamos entendê-los, estar atento às suas aflições e planos que tem para a vida. E tudo deve funcionar em conjunto, sempre é interessante que o próprio colaborador sinta à vontade de se desenvolver. A partir disso, são dadas as ferramentas (mesmo que uma simples conversa, um simples livro ou palavras para refletir). Em nossa história, nunca entendemos a hierarquia “bruta” como forma definitiva e correta de gestão, muito pelo contrário, sempre abrimos discussões, críticas construtivas, escutamos cada opinião para, assim, juntos chegarmos ao almejado. Costumo dizer que o livro está em cima da mesa para quem quiser abri-lo.


“Holambra, além de ser uma cidade turística linda, tem uma localização estratégica para se investir”


Como você faz para divulgar as empresas que gerencia? Acredito que o “boca a boca” ainda é a melhor maneira de divulgação; atualmente aproveitamos o avanço tecnológico e estamos apostando em diferentes canais de comunicação, os principais que utilizamos hoje são: SiteFacebookWhatsApp e Youtube.

Que dica você dá ao jovem que pensa em entrar no mundo do empreendedorismo? Acredite. Corra atrás de informação, arregace as mangas e faça agora, não deixe para depois, sempre se comportando de uma forma correta e honesta acima de tudo. Atenção nos detalhes, são eles que fazem, sem sombra de dúvidas, toda a diferença. Planejar é um fator primordial, mas, sem ação, você não consegue ir adiante. Pratique a ousadia. Empreender é uma arte constante de se aprimorar. Nem sempre você precisa saber 100% o que está fazendo, o que você precisa é saber 100% para onde você vai. Por isso, é preciso escolher o caminho certo e sempre estar presente com afinco, onde quer que esteja. Finalizo dizendo: Muito trabalho, fé, coragem, ousadia e claro, uma pitada de sorte também faz parte.

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