23/04/2017

De barbeiro a vereador, morador de Holambra relembra trajetória no município

José Zan da Silva conta como chegou à cidade e o por quê decidiu se engajar na política

Leonardo Saimon

José Zan da Silva, de 50 anos, dedicou grande parte da vida aos serviços de barbeiro. Nascido em Umarama (PR), Silva chegou em Holambra em 1995 e seu primeiro ofício foi na roça, mas por pouco tempo. Quando tinha sete anos, ouvia sua família debater política, além disso, seus parentes sempre foram engajados pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Desde então, ele alimentou o desejo de, um dia, se tornar vereador. O cargo, no entanto, não veio tão rápido quanto imaginou. Tentou a candidatura quatro vezes e ganhou apenas uma, entre 2012 e 2016. O atual barbeiro diz que não desistiu da política e confirma que voltará em 2018.

Em entrevista ao Portal Holambrense, José Zan da Silva conta sobre o porquê de ter saído da oposição para apoiar Dr. Fernando (PTB), e quais foram os maiores desafios durante sua atuação política. Ele também faz uma análise de sua gestão e explica o motivo de não ter sido reeleito. Caso fosse vereador, Silva revela qual seria sua posição quanto à Lei Complementar que afeta os servidores públicos de Holambra.

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Como você chegou em Holambra? Eu trabalhava em Araraquara (SP) e meu pai trabalhava em uma usina lá. Só que depois que eu fiz meu curso, eu trabalhei três anos como cabeleireiro em Araraquara (SP). Depois disso, voltei para o Paraná. Só que o sogro da minha irmã veio para Holambra caçar serviço e ligou para mim dizendo que havia muito serviço. Naquela época, tinha bastante vagas por aqui. Então, eu larguei meu salão no Paraná e vim para poder empregar meu pai, já que havia um serviço e o dono queria que eu trabalhasse junto com o meu pai. Eu gostei daqui.

Você trabalhava com o quê? Aqui, eu trabalhava na roça mesmo. Mas quando eu cheguei em Holambra, não quis mais voltar para o Paraná. Então, resolvi encontrar um salão porque eu já cortava cabelo fazia uns seis anos. Aí, eu achei um salãozinho que a dona Marta corta bem aqui do lado. Eu trabalhei uns três anos na Granja do Macaco e depois montei meu salãozinho. Nesse primeiro salão, eu fiquei por sete anos.

Quantas pessoas passam em média pelo seu salão? Cerca de 300 pessoas por mês. Dá uma média aí de 10 a 15 pessoas por dia.

E como você se engajou na política de Holambra? Depois de sete anos morando aqui, o ex-vereador Gelson Pina me chamou para apoiá-lo na política. Eu o apoiei na primeira eleição e na segunda também. Na eleição posterior, em 2004, ele me questionou sobre o porquê de eu não me lançar como candidato pelo Partido Progressista (PP). Na época, nós estávamos nesta sigla. Eu sempre gostei de política, mas é que, na época, eu me achava muito novato na cidade ainda. Ele insistiu então eu peguei as papeladas e mandei para ele. Eu não corri atrás não. Eu também não saia nas casas pedindo voto não, mas eu lembro que nessa eleição eu consegui 89 votos.

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O que levou você a ganhar na terceira candidatura? Acredito que seja o trabalho que eu vinha fazendo antes. Eu perdi a primeira, mas nunca parei de ajudar o povo. Eu lembro bem do meu pai dizendo para eu desistir que um dia iria chegar a minha hora. Em 2008, eu trabalhei mais e tive uns 100 votos. Nessa, eu perdi de novo e meu pai continuou me dando maior força, já minha mãe me achava teimoso. Perguntava o porquê de eu não parar de tentar. Eu dizia que era muito novo e que eu ia continuar tentando mesmo que eu tivesse uns 80 anos (risos). Eu tentei a terceira eleição em 2012 e ganhei, mas eu já não tinha o meu pai. Só a minha mãe viu essa vitória. Ela comentou assim: “Olha Zé, ainda bem que você é teimoso. Se você fosse por mim, você não entrava né?”. Essa terceira eleição eu consegui quase 200 votos.


“Tentei a terceira eleição em 2012 e ganhei, mas eu já não tinha o meu pai. Só a minha mãe viu essa vitória”


Você trabalhou para a Margareti durante o mandato dela. Por que você decidiu se aliar à base do Dr. Fernando? Porque eu vi muita coisa errada da Margareti, e eu não sabia. Eu trabalhava com ela, porém não sabia e nem tinha acesso a documento nenhum. Quando eu descobri que ela tinha feito muita coisa errada, eu não iria apoiar uma pessoa que fazia um monte de coisa assim. O prefeito me chamou e perguntou: “Vamos trabalhar juntos?”. Eu lembro até hoje quando ele falou: “Zé, vamos trabalhar juntos?” e eu respondi: “Vamos doutor. Mas eu quero um apoio do senhor para colocar uma caixa d’água no Fundão”. Na época, eu morava nesse bairro, e só tinha uma caixa d’água, então, faltava bastante água. Pedi para ele apoio para aquele bairro porque ele era muito esquecido. Ele confessou que tinha o desejo de colocar um posto de Saúde lá, que até, inclusive, ele existe. Tudo o que o prefeito falou para mim, ele cumpriu.

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Qual foi o momento mais difícil durante sua atuação na Câmara? Vixe, eu não gosto nem de falar sobre isso. Mas, o momento mais difícil, para mim, foi votar contra as contas da Margareti. Eu ia votar de todo jeito porque as contas estavam erradas e continuo batendo o pé dizendo que estavam erradas. Eu não conseguia dormir quando precisei votar porque a pressão era muito grande. E eu fui do lado certo para fazer as coisas certas. E outra parte difícil foi para votar o presidente da Câmara. Porque eu havia dito para o Cido que eu iria votar nele para presidente da Câmara. Só que eu não achei que era o certo a fazer. Por eu não ter votado, ele colocou nas redes sociais que eu tinha ganhado R$ 20 mil do prefeito e uma chácara. Eu neguei a tudo porque isso nunca aconteceu.

Você fez parte da Comissão que revisou a Lei Orgânica, mas ela não foi aprovada. Por que isso aconteceu, na sua opinião? Esse foi um dos momentos que eu fiquei muito chateado com o Cido. Meu voto para presidente ele nunca iria ter e ele vai ter que provar para mim com muita sinceridade e honestidade, principalmente, honestidade, se daqui para frente eu for vereador e ele também. Nós levamos três anos para revisar essa Lei Orgânica, quase quatro anos. E outra, ele acompanhou, ele também ajudou a revisar a Lei Orgânica. Eu perdi quantas horas de trabalho aqui para ajudar fazer a revisão. Não foi só eu que perdi tempo. Na primeira análise, ele votou à favor. Por que ele votou contra na segunda? No meu pensamento, eu acredito que não passou por conta de articulações políticas. E quem perdeu com isso foi o município.

Por que você acredita não ter ganhado nessa eleição? Porque eu sou um cara sincero. Sou um cara honesto. E na política, tem muita coisa que você precisa mentir, fazer promessa, e isso eu não faço. Eu também sou evangélico e não vou enganar o povo. Além disso, eu ia pedir votos e não falava mal de outros, mas os outros falavam mal de mim. Outro motivo, é que pessoas que me ajudaram na candidatura passada também saíram como candidato.


“Na política tem muita coisa que você precisa mentir, fazer promessa, e isso eu não faço”


Atualmente, muito tem se debatido sobre os projetos do Executivo referentes ao servidor público. Se fosse vereador hoje, você votaria contra ou a favor desses projetos? Eu votaria contra, sem dúvida.

Ter trabalhado na Câmara por quatro anos, trouxe a você que tipo de experiência? Trouxe muitas experiências. Aprendi muita coisa boa, só não peguei coisa ruim. Peguei as coisas boas e guardei para mim. Graças a Deus nunca briguei com ninguém, nunca subi na tribuna para brigar com ninguém. Eu trabalhei muito e ajudei muito o povo. Não me arrependo disso. Nunca neguei nada às pessoas. Por isso, gosto muito do Dr. Fernando (PTB) porque quando eu não tinha condições financeiras de ajudar, eu ia até o prefeito e ele me ajudava demais. Como ajudou os outros vereadores também. Eu não tenho um real guardado do meu salário como vereador. Todo o dinheiro que eu ganhei foi para ajudar o povo. Não guardei nada. A única coisa que fiquei foi com dívida.

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