19/03/2016

Casos de dengue caem mais de 92% em Holambra

Até o momento, apenas sete casos foram confirmados.

Segundo dados da Secretaria de Saúde de Holambra sete casos de dengue já foram confirmados na cidade em 2016. O dado diz respeito aos meses de janeiro a março e aponta que quatro infecções foram locais, ou seja, contraídas na própria cidade, e três ainda não foram identificados se locais ou importados. Em relação à Zika e Chikunguya, a Secretaria de Saúde disse não haver registros, mas que trabalha no combate ao mosquito e que um aplicativo foi desenvolvido para auxiliar nas denúncias de possíveis focos.

O número representa uma significativa queda em relação aos casos registrados ano passado, quando no mesmo período de dois meses a cidade teve 78 casos confirmados, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde. Uma queda de 98,3% se levado em conta que em janeiro e fevereiro de 2016 foram identificados apenas seis casos.

Já em todo 2015 o Centro revela que Holambra teve 538 notificações da doença, sendo 291 confirmados pelo instituto Adolf Lutz e contraídos na própria cidade, não havendo nenhum registro de casos importado.

Na época a maior incidência foi no período de chuvas, de janeiro a maio, que concentrou 97% dos casos.

Segundo o coordenador do departamento de infectologia da Associação Paulista de Infectologia, Juvêncio Furtado, as condições climáticas desses meses criam a condição ideal para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti – transmissor da Dengue, Zika e febre Chikungunya –, o que explica o maior índice. “O clima influencia na proliferação do mosquito. Um clima quente e chuvoso é o ideal para o mosquito porque as larvas aceleram o seu desenvolvimento quando o clima está mais quente. Então evidentemente a população de insetos aumenta nesse período”, esclarece, detalhando que nem todo mosquito é contaminado com a doença e que para ele se tornar um transmissor precisa entrar em contato com uma pessoa infectada.

Devido ao Aedes se proliferar na água o combate a ele é feito eliminando seu local de procriação e mantendo o domicílio sempre limpo. O Ministério da Saúde ainda indica o uso de roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos; uso de repelentes e inseticidas, além de mosquiteiros como forma de autoproteção.

Até o momento a única vacina que se tem informações para o combate da dengue foi liberada pela Anvisa no final do ano passo, mas ainda não está disponível na rede pública de Saúde. Já para o Zika Vírus estudos têm sido feitos em laboratórios.

Em Holambra como houve uma queda significativa no período mais favorável para a proliferação do mosquito, o diretor de Saúde Valmir Marcelo Iglecias acredita que os riscos de epidemia caem drasticamente.

Marcelo também atribui a redução drástica ao trabalho realizado na cidade, sobretudo dos moradores, já que é dentro de casa que os mosquitos tendem a encontrar os melhores criadouros.

Combate

Desde o início do ano, a cidade também já realizou três mutirões, sendo um de iniciativa popular, em 5 de março, para o recolhimento de entulhos e limpezas de área que poderiam servir de criadouros.

Um aplicativo também foi desenvolvido para auxiliar no combate aos focos do mosquito. Em parceria com a rede social Colab.re, o “Sem Dengue” foi lançado no final de janeiro e por enquanto está disponível para smartphones e tablets que operam sistemas Android e iOS, não necessitando de cadastro prévio.

Por meio dele os moradores podem enviar fotos com descrição de local e ocorrência de focos para à administração municipal, que encaminha as informações aos agentes comunitários para averiguação. Após a visita, a Prefeitura envia uma notificação ao denunciante, com feedback da ocorrência.

De acordo com o secretário de saúde, desde o lançamento, 20 casos foram registrados e averiguados pela vigilância.

O aplicativo pode ser instalado clicando aqui.

Mosquito

O Aedes Aegypti vive e se reproduz em ambientes com água limpa. Assim qualquer local com capacidade de armazenamento mínimo – como um pote, uma tampa ou um plástico –, ao receber água da chuva, por exemplo, torna-se um espaço ideal para a proliferação e reprodução do Aedes.

O problema se torna maior porque cada mosquito fêmea pode colocar até 400 ovos por vez e estes são capazes de sobreviver até dois anos sem contato com a água, eclodindo assim que encontram condições favoráveis para dar continuidade ao ciclo de vida. A partir do momento que isso acontece, leva cerca de 10 dias para a larva se tornar um mosquito.

Ao picar alguém a doença pode se manifestar de duas formas: a clássica e a hemorrágica. Os sintomas da dengue clássica são febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores nas costas, com ou não aparecimento de manchas vermelhas no corpo. Em alguns pacientes podem ocorrer pequenas hemorragias na boca, urina e nariz. Já a dengue hemorrágica é a mais grave. No início os sintomas são iguais aos da dengue clássica, mas após o quinto dia infectados podem apresentar sangramento em vários órgãos e choque circulatório. Este tipo de dengue pode levar a pessoa a morte.

Zika

Em relação aos sintomas de Zika, também transmitido pelo mosquito, apenas 20% dos infectados apresentam manifestações clínicas que são semelhantes às da dengue: dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente entre três e sete dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês. Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história, segundo aponta o Ministério da Saúde.

Ao atingir mulheres grávidas a doença pode estar relacionada à causa de microcefalia nos bebês, mas Furtado destaca que nem todos os casos são decorrência da virose. “O Zika vírus está relacionado com a microcefalia, isso está comprovado. O que não existe comprovação é que todos esses casos de microcefalia são decorrentes do Zika vírus. Existem muitas outras doenças infecciosas que podem levar à microcefalia. Então alguns caos de Zika podem ter sido responsáveis, mas não todos”, esclarece.


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