27/12/2016

Capato fala de derrota nas eleições e dá conselho ao filho eleito em Holambra

Em entrevista ao Portal Holambrense, ex-prefeito de Holambra fala sobre derrota nas eleições nogueirenses, seu futuro político e o sentimento ao ver o filho ser eleito na ‘Cidade das Flores’

Alex Bússulo / Alysson Huf

O ex-prefeito de Holambra Celso Capato (PSD) está nos últimos dias como chefe do Executivo de Artur Nogueira. Sentado à mesa de seu gabinete, com pilhas de protocolos, planilhas e documentos para assinar até o fim do mandato (dia 31 de dezembro), Capato recebeu a equipe do Portal Holambrense para uma entrevista exclusiva.

Na conversa, ele falou sobre a derrota nas eleições em Artur Nogueira, as diferenças entre governar as duas cidades, a emoção ao ver o filho, Fernando Capato, sendo eleito vice-prefeito na ‘Cidade das Flores’ e seu futuro político. Confira:

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Você ficou surpreso com o resultado das eleições em Artur Nogueira? Surpreso, sim. Agora, é uma escolha. A população escolheu assim. Você pode ficar surpreso, mas tem que aceitar os resultados. Eu já ganhei eleição em que a oposição, no outro dia, procurou a Justiça para tentar me impedir de tomar posse. Eu não. Pelo contrário, no outro dia de manhã escrevi uma mensagem no Facebook parabenizando o prefeito eleito, reconhecendo a vitória. Eu não tinha o telefone dele, senão eu tinha ligado. Eu me coloquei à disposição dele para colaborar no que fosse preciso. Esse é o trabalho do verdadeiro estadista. Sempre vi na política pessoas que perdem uma eleição e procuram dificultar a vida dos outros. Dificuldades existem mesmo. Eu peguei a Prefeitura com dívidas e sempre falei isso, até para a imprensa. Peguei com dívida e vai ficar com dívida, mas em menor quantidade. Vamos ficar aqui até o último dia para pagarmos o máximo que pudermos. E nós abrimos as portas de todos os setores para que a equipe do novo prefeito viesse para fazer o processo de transição.

Em sua opinião, por que você perdeu as eleições? Acredito que foram vários fatores. Teve a própria situação do país; tudo que está acontecendo na política nacional reflete. Existe também o jogo político. O adversário jogou. E eu não estou contestando ou contrariando, mas ele prometeu que vai baixar a taxa de lixo, que vai pagar o 41-A, baixar o preço do IPTU, da água – que não é a Prefeitura que reajusta o preço desde 2012. Então, acho que um dos principais fatores foi isso aí. Eu fui perguntado na rua durante a campanha: ‘Você vai baixar o preço do IPTU?’ E respondi: ‘não existe maneira de fazer isso. A Lei de Responsabilidade Fiscal não permite’. Então, eu fui verdadeiro com as pessoas. Foi uma campanha limpa e verdadeira.

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Do que mais se orgulha em ter contribuído para Artur Nogueira nesses quatro anos de mandato? Eu acho que, principalmente, ter resolvido alguns problemas da cidade que eram cruciais, como a falta de água. Se eu abrir o meu Facebook e procurar as postagens de dezembro de 2012, vou ver que a população estava reclamando disso há décadas. E eu resolvi esse problema. Fizemos um tratamento novo que dobou a capacidade. Não se captava água do balneário e agora isso está sendo feito. Perfuramos cinco poços artesianos. Mas a cidade está em crescimento e, se não tiver um investimento contínuo, lá na frente vai voltar a mesma polêmica. A população vai voltar a reclamar da falta de água. Também fizemos obras em todas as áreas. Recuperamos a malha viária da cidade, com recursos conseguidos quase totalmente a fundo perdido. Eu posso afirmar sem medo de errar: eu fui o prefeito que mais conseguiu trazer recursos para Artur Nogueira, tanto do Governo do Estado quanto do Governo Federal. Eu calculo que tenham sido mais de R$ 20 milhões. E temos ainda muitos serviços que vão ser executados, que já foram contratados, com garantia de recursos da Caixa, e que serão executados no começo do próximo ano. Outra coisa foi trazer a escola técnica para a cidade. Também trabalhamos para trazer empresas para a cidade. É uma pena que, de 2013 para cá, a crise que se instalou no país atrapalhou muito a cidade; por consequência, a arrecadação caiu. Mas conseguimos trazer a ZinkPower, o Pague Menos, a Fabitos – que começa a construir as instalações a partir de janeiro – e mais oito empresas que compraram áreas na cidade e que estão esperando a condição econômica do país melhorar para poderem investir. Há ainda o empreendimento do aeródromo e a fábrica de aviões, que é importante, e já tem o pedido de diretrizes protocolado. Acho que o novo prefeito deve dar continuidade ao projeto, pois vai trazer desenvolvimento para a cidade.

Qual a diferença entre governar Artur Nogueira e Holambra? Acho que não tem diferença nenhuma. São dois municípios, um com menos e outro com mais habitantes. A diferença é que Artur Nogueira teve mais desafios. Era uma cidade que estava abandonada. A malha viária comprometida, a questão de postos de saúde – que nós construímos cinco e vai começar o sexto agora. Holambra é uma cidade que tem mais oportunidades de emprego, inclusive gera 1500 empregos para Artur Nogueira. Se você pegar a renda per capita de Holambra e a de Artur Nogueira, vai ver que é muito maior a de lá.

Qual foi a sua emoção ao ver seu filho, Fernando Capato, sendo eleito vice-prefeito de Holambra? Eu acho que é uma emoção muito grande. Eu vi a foto dele do dia em que tomei posse pela primeira vez em Holambra. Naquele dia, ele era bem criança e estava febril. Então é uma coisa bacana. Não só para mim, mas para a mãe dele e o pessoal que participou da primeira campanha. É bastante emocionante.

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O senhor foi na diplomação dele? Não fui na diplomação dele, até porque eu acho que era um dia festivo. O prefeito eleito de Artur Nogueira estava lá com a equipe dele, era um dia de festa. Talvez uma pessoa que estava lá sem ter nada a ver com isso pudesse fazer algum desaforo, e isso não é necessário. Então, é um dia de festa dos prefeitos e do meu filho.

Que conselho você deu a seu filho quando ele se candidatou? Primeiramente, eu o aconselhei a começar como vereador. Para ele conhecer o que é Câmara, uma Prefeitura, uma Lei Orgânica, como que funciona uma administração pública, e ele tinha chances reais de ser eleito. Também o aconselhei a ser uma pessoa leal ao prefeito, pois o vice é um cargo de expectativa – ele assume se o prefeito tiver um impedimento, se viajar, tirar licença. Ele pode, sim, auxiliar o prefeito. Eu tive um vice em Holambra que me auxiliou muito, que é o presidente da Câmara hoje. E disse pra ele aprender bem nesses quatro anos como funciona a administração. E se no futuro ele pensar em ser candidato, que dentro desses quatro anos de aprendizado ele analise se é isso mesmo que ele quer. Se ele está preparado pra essa responsabilidade. Foram esses os conselhos que eu dei.

Qual vai ser o futuro político de Celso Capato? Eu acho que é cedo para pensar nisso. Não pretendo mais ser candidato a prefeito, em nenhum lugar. Já me convidaram para ser candidato a prefeito em outras cidades, e fico gratificado por isso, mas eu não tenho essa pretensão. Acho que com quatro mandatos eu consegui contribuir bastante. Eu perdi as eleições aqui, mas tenho pesquisas que mostram que a nossa administração teve de 70 a 80% de aprovação. Mesmo quem não votou em mim aprovou minha administração, e isso me deixa muito satisfeito. Também já tive convite para ser deputado, mas não pretendo seguir por esse caminho.

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