Câmara de Holambra discute expansão urbana em audiência pública

Da redação

A Câmara Municipal de Holambra promoveu nesta quinta-feira (3) uma audiência pública para discutir o Projeto de Lei Complementar (PLC) 10/2017, que visa alterar o Plano Diretor do município, incluindo uma área de expansão urbana para a construção do Boulevard Business Hotel. A reunião durou cerca de duas horas e foi pontuada por momentos de clima tenso no plenário.

A audiência foi aberta pelo vereador Cido Urso (PTB), presidente da Comissão de Obras, Serviços Públicos, Saúde, Educação, Cultura, Lazer e Turismo, Planejamento, Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo da Câmara Municipal. A comissão também é integrada pelos parlamentares Serjão (SD) e Pernambuco (PSD).

Após a abertura, Elisa Pennings, diretora de Obras e Planejamento da Prefeitura de Holambra, apresentou um resumo do projeto feito para a ampliação do perímetro urbano. Ela destacou a proximidade do empreendimento de áreas importantes da cidade, como escolas, as instalações da Faagroh e o acesso à Policlínica Municipal, ao Moinho Povos Unidos, o Centro de Exposições e outros locais que recebem muitos turistas.

A diretora também explicou algumas das exigências legais para o processo de expansão de área urbana dos municípios e como Holambra tem se adequado a essas normas. Segundo ela, obras sanitárias e viárias serão realizadas. Elisa também citou o aval da Comissão Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU) para a expansão da área urbana do município.

“Holambra recebe aproximadamente um milhão de turistas por ano, mas nossa oferta de hotéis e pousadas é de apenas 270 acomodações”, afirmou. Segundo a diretora de Obras e Planejamento, isso faz com que recursos que poderiam ser aplicados na ‘Cidade das Flores‘ acabam indo para outro município, nos quais os turistas se hospedam quando não encontram vagas no setor de hotelaria local.

Na sequência, Roberto Petrini, diretor do Boulevard Business Hotel, apresentou os principais nomes ligados ao empreendimento que estavam presentes na audiência. Ele também agradeceu ao Poder Executivo pelo apoio dado à realização do empreendimento e cumprimentou as demais autoridades presentes ao evento.

A arquiteta Pietra de Wit, uma das responsáveis pelo design do hotel, tomou a palavra em seguida. De maneira resumida, ela apresentou a estrutura e aparência do prédio, explicando os principais conceitos utilizados e os propósitos do desenho arquitetônico da obra. Ela também destacou que o projeto será desenvolvido de maneira sustentável, com tratamento de esgoto próprio e reutilização da água.

Após Pietra, foi a vez de Arthur Medeiros, da empresa Concierge Hotelaria, explicar alguns dos motivos pelos quais Holambra foi escolhida para receber o novo hotel. Ele destacou, então, o fato de as cidades vizinhas serem bem próximas e de a Região Metropolitana de Campinas (RMC) ser muito rica e com grande potencial de desenvolvimento.

Questionamentos

Após todos esses discursos, Cido Urso (PTB) deu oportunidade ao público para fazer perguntas. Nesse momento, enquanto a esmagadora maioria do auditório permanecia em silêncio, um senhor de cabelos brancos, que havia assistido a tudo sentado no fundo do salão, se levantou rapidamente e se dirigiu à mesa dos parlamentares. “Eu tenho várias perguntas”, disse ele enquanto caminhava.

A comissão parlamentar havia decidido que as perguntas deveriam ser entregues por escrito para serem lidas e respondidas publicamente. Mas, visto que o senhor João Kors, o homem das perguntas, era o único a se manifestar, deixaram ele pegar o microfone e verbalizar seus questionamentos. A decisão não agradou muito a maior parte do público.

Ele começou perguntando qual seria o valor do empreendimento. A resposta veio de Medeiros, da Concierge. “Por se tratar de um empreendimento privado, nós, como representantes, nos reservamos ao direito de não divulgar o número total, mas são investimentos privados, não onerando o município de qualquer forma”, afirmou.

Kors também perguntou qual a data de início das obras. “Assim que as questões burocráticas estiverem resolvidas”, respondeu Medeiros. “A ideia é que a obra seja iniciada ainda este ano”, complementou. Kors quis fazer mais uma pergunta e, nesse momento, um burburinho de insatisfação tomou conta do salão – as pessoas pareciam não estar gostando do tom e da insistência do holambrense.

Outras questões foram sendo feitas em sequência por ele, sendo respondidas por diferentes pessoas ligadas ao hotel ou ao Poder Executivo. As indagações verbalizadas foram pausadas por José Carlos de Oliveira Lima, vice-presidente da Fiesp e idealizador do Boulevard Business Hotel, que pegou o microfone e pediu a Cido Urso (PTB) que respeitasse a ideia original, de permitir perguntas apenas por escrito.

O presidente da comissão acatou a sugestão e deu em torno de 30 minutos de intervalo na audiência para que Kors escrevesse todas as questões que quisesse. Além disso, Cido (PTB) abriu ao restante do público a oportunidade de fazer o mesmo, se assim o quisesse.

Segunda parte

Após o intervalo, Cido (PTB) ressaltou que, se todas as questões levantadas na audiência não fossem respondidas, a comissão não daria seguimento ao projeto na Casa. “Não é fácil fazer uma audiência pública, tendo de um lado os empreendedores e, do outro, os munícipes com perguntas. Então, se for preciso, vamos segurar o projeto na Casa”, garantiu.

Dito isto, ele começou a ler as perguntas, que foram respondidas uma a uma. As questões abordaram temas relativos às obras de saneamento, prazos de início e entrega das obras, sustentabilidade, geração de empregos, valores, consequências para a cidade e responsabilidades fiscais do Poder Executivo. Ao todo, foram lidas 11 perguntas.

Encerrando a audiência, Kors e Lima tiveram cinco minutos casa para falar e fazer algumas considerações. Cido (PTB) também aproveitou o momento para amenizar o clima e enfatizar que sugerirá uma emenda ao PLC que restrinja a área de expansão urbana unicamente para a construção do hotel.

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