‘Beasts of no Nation’ retrata faceta trágica da África
Filme mostra horror vivido por grupo de soldados composto de crianças e adolescentes a partir da visão de um menino
O continente Africano é repleto de beleza natural e animal. É surpreendente a quantidade de maravilhas possíveis de enxergar; seja o pôr do Sol, ou um safari entre animais exóticos e com os quais não temos muito contato. Entretanto, é um continente saturado por problemas, desde problemas sociais até políticos, e que respigam no desenvolvimento de diversos países africanos. Em história ou geografia, quando se estuda sobre África, é comum aprender sobre intrigas entres tribos étnicas diferentes, dificultando ainda mais o progresso de índices sociais que indicam qualidade de vida.
‘Beasts of no Nation’ retrata uma das facetas trágicas do continente, mais uma dentre tantas que outros filmes já exploraram na história cinematográfica. É difícil não encontrar algum filme que retrate um dos empecilhos ou guerras étnicas que já aconteceram no continente sem emocionar o telespectador. São filmes dotados de muita emoção, acontecimentos trágicos e finais infelizes para alguém da história narrada. Com o filme ‘Beasts of no Nation’ não é diferente.
O protagonista principal, uma criança chamada Agu, vai ser personagem responsável por mostrar o horror que um grupo de meninos, com crianças e adolescentes, vivem quando se tornam soldados. Muitos deles não tiveram outra escolha e no caso do pequeno Agu, a infelicidade em se tornar um soldado chegou após ele perder toda a sua família. Seu pai, avô e irmão mais velho, que também era um grande amigo, foram assassinados por militantes durante a guerra, e sua mãe e seus dois irmãos menores conseguiram escapar com vida, mas estão em algum lugar do continente que Agu não sabe qual é.
Separado, de forma trágica, de toda sua família, ele se torna soldado e passa a lutar na Guerra Civil da África do Sul, acatando ordens de seu Comandante, homem responsável por treinar, sem pudor algum, meninos para a luta civil. Não se trata de um filme preocupado em demonstrar acontecimentos com delicadeza, pelo contrário, é um longa-metragem que não vai medir esforços para capturar a dura realidade de meninos sem família, recrutados para lutar, sem esperança, por dias melhores ou de paz.
Ao decorrer da narrativa, vai aprofundando a tentativa em demonstrar a crueldade de uma Guerra Civil, a despreocupação com cidadãos civis onde a luta acontece, além das rivalidades entre etnias. A inspiração para o filme surgiu com o livro, de mesmo título, do Nigeriano Uzodinma Iweala. Filmado em Gana e indicado em algumas categorias do Oscar 2016, além de críticas positivas e atuações consagradas, o filme é ainda muito interessante e instigante, pois é contado a partir da visão de uma criança. Toda a guerra e todos os empecilhos sofridos pelo grupo de meninos soldados são relatados do ponto de vista de Agu, o pequeno que apenas quer reencontrar sua mãe e seus irmãos pequenos.
Mesmo sendo um filme que trata prioritariamente sobre a Guerra Civil e todas as mazelas provocadas por ela, não é somente uma história que conte sobre conflitos. Acaba indo além disso, muito além. É uma história contada sob o olhar de um pequeno menino soldado e é uma história que mostra que uma luta civil é uma situação que afeta além dos limites de fronteiras e que consegue fazer com que crianças percam sua inocência antes mesmo de saber o que é um conflito armado, o que é a perda física de entes queridos. São crianças mergulhadas em cenas de desesperança até os últimos fios de cabelos.
Direção: Cary Fukunaga
Gênero: Drama, Guerra
Elenco: Idris Elba, Abraham Attah, Jude Akuwudike
Não recomendado para menores de 18 anos
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Verônica Lazzeroni Del Cet é estudante de Letras na Unicamp
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