13/06/2016

‘Beasts of no Nation’ retrata faceta trágica da África

Filme mostra horror vivido por grupo de soldados composto de crianças e adolescentes a partir da visão de um menino

O continente Africano é repleto de beleza natural e animal. É surpreendente a quantidade de maravilhas possíveis de enxergar; seja o pôr do Sol, ou um safari entre animais exóticos e com os quais não temos muito contato. Entretanto, é um continente saturado por problemas, desde problemas sociais até políticos, e que respigam no desenvolvimento de diversos países africanos. Em história ou geografia, quando se estuda sobre África, é comum aprender sobre intrigas entres tribos étnicas diferentes, dificultando ainda mais o progresso de índices sociais que indicam qualidade de vida.

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‘Beasts of no Nation’ retrata uma das facetas trágicas do continente, mais uma dentre tantas que outros filmes já exploraram na história cinematográfica. É difícil não encontrar algum filme que retrate um dos empecilhos ou guerras étnicas que já aconteceram no continente sem emocionar o telespectador. São filmes dotados de muita emoção, acontecimentos trágicos e finais infelizes para alguém da história narrada. Com o filme ‘Beasts of no Nation’ não é diferente.

O protagonista principal, uma criança chamada Agu, vai ser personagem responsável por mostrar o horror que um grupo de meninos, com crianças e adolescentes, vivem quando se tornam soldados. Muitos deles não tiveram outra escolha e no caso do pequeno Agu, a infelicidade em se tornar um soldado chegou após ele perder toda a sua família. Seu pai, avô e irmão mais velho, que também era um grande amigo, foram assassinados por militantes durante a guerra, e sua mãe e seus dois irmãos menores conseguiram escapar com vida, mas estão em algum lugar do continente que Agu não sabe qual é.

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Separado, de forma trágica, de toda sua família, ele se torna soldado e passa a lutar na Guerra Civil da África do Sul, acatando ordens de seu Comandante, homem responsável por treinar, sem pudor algum, meninos para a luta civil. Não se trata de um filme preocupado em demonstrar acontecimentos com delicadeza, pelo contrário, é um longa-metragem que não vai medir esforços para capturar a dura realidade de meninos sem família, recrutados para lutar, sem esperança, por dias melhores ou de paz.

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Ao decorrer da narrativa, vai aprofundando a tentativa em demonstrar a crueldade de uma Guerra Civil, a despreocupação com cidadãos civis onde a luta acontece, além das rivalidades entre etnias. A inspiração para o filme surgiu com o livro, de mesmo título, do Nigeriano Uzodinma Iweala. Filmado em Gana e indicado em algumas categorias do Oscar 2016, além de críticas positivas e atuações consagradas, o filme é ainda muito interessante e instigante, pois é contado a partir da visão de uma criança. Toda a guerra e todos os empecilhos sofridos pelo grupo de meninos soldados são relatados do ponto de vista de Agu, o pequeno que apenas quer reencontrar sua mãe e seus irmãos pequenos.

Mesmo sendo um filme que trata prioritariamente sobre a Guerra Civil e todas as mazelas provocadas por ela, não é somente uma história que conte sobre conflitos. Acaba indo além disso, muito além. É uma história contada sob o olhar de um pequeno menino soldado e é uma história que mostra que uma luta civil é uma situação que afeta além dos limites de fronteiras e que consegue fazer com que crianças percam sua inocência antes mesmo de saber o que é um conflito armado, o que é a perda física de entes queridos. São crianças mergulhadas em cenas de desesperança até os últimos fios de cabelos.

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Direção: Cary Fukunaga

Gênero: Drama, Guerra

Elenco: Idris Elba, Abraham Attah, Jude Akuwudike

Não recomendado para menores de 18 anos

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Verônica Lazzeroni Del Cet é estudante de Letras na Unicamp


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