Após repercussão negativa, Cido Urso muda discurso em relação ao mercado de flores

Da redação

“Flor é essencial à saúde? O senhor come flor?”, questionou Cido há 15 dias, durante a última sessão legislativa do mês de março, em debate com outro parlamentar. Nesta segunda-feira (6), no entanto, diante de carta de repúdio enviada pela Cooperativa Veiling Holambra à Casa de Leis, o vereador defendeu através de moção protocolada fora de prazo que a produção de flores seja considerada “serviço essencial” pelo Governo do Estado.

Depois da repercussão negativa do discurso feito na Câmara Municipal em 23 de março, o vereador Aparecido Lopes (Cido Urso) mudou o discurso em relação ao que pensa sobre a importância das flores, para Holambra, neste período de quarentena.

O ataque de Cido à liberação do comércio de flores em Holambra, feito no dia 23, gerou grande repercussão nas redes sociais, sobretudo por parte de pessoas que trabalham direta ou indiretamente com o mercado de flores – e que tiram delas o seu sustento. A hashtag #eucomoflores foi amplamente compartilhada por usuários que defendem que o setor de floricultura põe comida na mesa de muitas famílias.

A nota da Cooperativa lida durante a sessão de ontem, assinada pelo diretor executivo André van Kruijssen, ressalta repúdio à “atitude de desrespeito do vereador Cido Urso com os profissionais que atuam em toda cadeia de flores e plantas”. “Tal atitude está sendo considerada um ato de desprezo aos trabalhadores, produtores e profissionais, que aguardam com apreensão os danos irreparáveis em nosso setor causados pela pandemia”, destacou o diretor.

A carta ressalta que, assim como o mercado em geral, a floricultura brasileira também está sentindo os reflexos da crise gerada pelo novo coronavírus – e que o mercado floricultor foi um dos mais atingidos, sofrendo uma queda brusca nas vendas, afetando toda cadeia comercial e produtiva.

“O município de Holambra, bem como as cidades vizinhas, vive e depende diretamente das atividades desenvolvidas dentro deste setor. Nas últimas semanas as duas cooperativas, Veiling Holambra e Cooperflora, junto ao Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), tem se desdobrado em ações para conter este grande impacto que atingiu de forma tão grave e preocupante produtores, empresas e todas as famílias que dependem desta atividade”, reforçou a nota.

Em tribuna, Cido questionou o diretor da Cooperativa e negou ter desrespeitado o setor.

Segundo o Ibraflor, a queda comercial foi de cerca de 70% desde o início da pandemia – um prejuízo de mais de R$ 290 milhões no faturamento até aqui. Diante desse cenário, a projeção é de que caso as medidas restritivas se estendam até maio, mês que concentra a principal data de vendas, os prejuízos podem chegar a R$ 1,3 bilhão, o que resultaria na falência de até 66% dos produtores de flores e plantas ornamentais e a demissão de 120 mil pessoas em todo o país – incluindo Holambra. A moção foi aprovada por unanimidade.

Buscando soluções

O prefeito Fernando Fiori de Godoy encaminhou nesta segunda-feira, 6 de abril, ofício ao governador João Dória solicitando a abertura de mercados de flores em todo o Estado, no atacado e varejo, para atendimento à demanda do Dia das Mães, celebrado em 10 de maio. A data está entre as mais concorridas do setor e é uma das mais rentáveis do calendário anual de vendas dos produtores. Antes disso, em 1º de abril, Dr. Fernando enviou carta a três Ministérios e três Secretarias de Estado requerendo a liberação de pacotes emergenciais de resgate aos produtores, com linhas de crédito facilitadas para enfrentamento da crise.

O município, diante das dificuldades do mercado de flores, tem se mobilizado desde a segunda quinzena de março por alternativas às empresas locais. Em 20 de março, o prefeito realizou videoconferências com o deputado federal Arnaldo Jardim e com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, com o objetivo de buscar soluções viáveis para a preservação do mercado de flores em todo o Estado.

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