Após galhos e raízes prejudicarem moradores, árvores serão podadas em Holambra

Duas árvores na rua Primavera devem receber poda nas copas nesta quinta-feira (28) após os galhos invadirem a casa de moradores. Devido a sua natureza invasora, as raízes acompanharam os galhos e ultrapassaram a rua chegando as casas da frente, que sofrem com goteiras criadas a partir do acúmulo de folhas e de problemas na tubulação. A poda será feita apenas na copa e, segundo a prefeitura, a árvore será mantida.

Um laudo técnico foi elaborado pelo biólogo e paisagista Gustaaf Winters e definiu a forma mais adequada para o corte. No momento, Winters está na Holanda e não pôde comentar à reportagem.

No documento elaborado no ano passado, é citado uma perícia feita no dia 2 de setembro que constatou os galhos sob a residência, mas aponta que o problema maior são as raízes. “No lado oposto, onde se localizam as residências, as injúrias são mais severas, provocadas exclusivamente pelos espécimes em questão”, detalha o laudo.

As árvores foram plantadas em meados da década de 60 pela família do comerciante Eduardo van der Bruggen. Na época não haviam ruas asfaltadas e o número de casas também era irrisório. Com o crescimento da cidade e o aumento de habitantes, as ruas foram construídas e não se imaginou que a árvore chegaria a tal porte.

A espécime, popularmente conhecida como falsa seringueira, vem da família Fícus (Ficus Elastica) e é originária da África Tropical, segundo explica o laudo. O seu sistema, porém, é temido devido a agressividade com que invade os espaços subterrâneos, indo além da projeção da sua copa.

Segundo avalia a agrônoma Clarice Kuriyama, a espécie é muito usada para ornamentação, mas seguidamente é plantada em locais inadequados, originando problemas. “Essa árvore deve ser plantada em local de área extensa como grandes praças e fazendas e de forma isolada, já que possuem raízes agressivas que causam danos nos obstáculos em seu caminho para o desenvolvimento. Em caso de estarem causando danos às propriedades podem ser cortadas com a devida autorização da prefeitura. Deve-se procurar plantar espécies mais adequadas ao local, com porte e características melhor estudadas e que não causem novos problemas futuros.”

Em Holambra problemas com espécies semelhantes teriam acontecido próximo ao Clube Fazenda Ribeirão a anos atrás.

Na casa de van der Bruggen, os prejuízos envolvendo a árvore vão desde o telhado até o banheiro. Além das folhas que se acumulam no telhado criando infiltrações de águas, há o medo da queda dos galhos, que atingem o telhado do segundo andar da casa. Já em relação à tubulação, há dois anos Eduardo lembra que precisou reformar o banheiro, de onde foi tirado um pedaço de raiz de aproximadamente um metro.

A árvore também impediu com que a casa fosse vendida há 20 anos. Conforme lembra o comerciante, um comprador reconheceu o tipo da árvore e negou-se a ficar com a casa por temer as suas raízes.

Para van der Bruggen, a poda das árvores será o primeiro passo para resolver um problema que tem piorado gradativamente. “Minha mãe mora sozinha e se um dos galhos chegar a cair atingirá a casa dela. Então a poda fará uma diferença total.”

Vizinhos, porém, não veem com tanto ânimo. Embora reconheçam que a poda seja necessária para segurança das casas, falam que o problema das raízes irá permanecer, o que não melhora o quadro. “Minha cunhada está com um problema no encanamento que está todo entupido”, conta um morador que pede para não ser identificado. “Podar só não vai adiantar. Vai resolver que não tem perigo dos galhos caírem. Mas o problema das raízes não. Essas raízes já estavam aqui há mais de 40 anos. Uma vez nós cavamos um buraco de dois metros de fundura. Cortamos a raiz, mas onde corta a raiz nasce cinco, seis, fininhos e vão invadindo como fios de cabelo. Assim chegam na tubulação”.

Na casa dele já foram feitas duas reformas devido a invasão das raízes na tubulação. “Se elas arrebentam o asfalto, arrebentam parede também.”

No laudo esse tipo de problema é reconhecido. Nele Winters cita que inúmeros são os casos de raízes que entram nas galerias de águas pluviais, dificultando o escoamento das águas da chuva e provocando inundações; raízes que adentram encanamento de esgotos, entupindo o sistema de água; e raízes que saem pelas bacias sanitárias ou enovelando-se em fossas.

A solução para isso, de acordo com o laudo, seria a poda subterrânea das raízes de ambos os lados da mesma rua e o preenchimento de concreto nos espaços.

A Prefeitura afirma que ainda não há data para essa reforma, mas esclarece que “está em contato com moradores da região e estuda o formato adequado para realização das ações propostas”.