15/05/2016

Presidente do PT de Holambra fala sobre afastamento de Dilma

Para Foquinha, baixa popularidade da presidente e pedaladas não são motivos legais para impeachment.

Com a aprovação do processo de admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado o Partido dos Trabalhadores sofre a sua maior derrota desde que chegou ao poder. Como resultado, assume na condição de presidente interino o vice Michel Temer (PMDB). O afastamento da presidente Dilma, no entanto, tem gerado profundas discussões sobre a legitimidade do processo de impeachment, que teve como principal articulador o presidente [também afastado] da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), réu na Lava Jato.

Diante deste cenário, o Portal Holambrense entrevistou o presidente do Partido dos Trabalhadores de Holambra, Adilson Donizeti da Cunha Santos, conhecido como Foquinha. Na ocasião, o líder político criticou o processo contra Dilma, taxando a iniciativa de ‘ruptura do processo democrático’. Para Foquinha, a baixa popularidade da presidente, ou até seus equívocos diante da tomada de decisões, em especial no setor da economia brasileira, não são motivos para o afastamento.

O presidente municipal do PT acredita, no entanto, que o cenário não deve afetar a conjuntura política municipal, pois são consideradas ‘realidades distintas’.

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Como você avalia a decisão do Congresso de aprovar parecer favorável a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma? Lamentável. A decisão, a exemplo do processo, foi estritamente política. Ela não é benéfica ao Brasil, à democracia e não representa genuinamente a vontade da maioria do povo brasileiro.

Qual sua opinião a respeito da atitude de Temer neste processo? O vice-presidente Michel Temer é um político experiente e soube se valer do momento. Não me cabe o julgamento, mas acho suficiente dizer que sua postura ao longo de todo o processo foi tudo, menos decorativa.

Como você vê o futuro do Partido dos Trabalhadores? Qual deve ser o papel do PT a partir de agora? O processo segue em curso e é fundamental que o partido siga mobilizado e lutando para reaver o papel confiado à presidente Dilma democraticamente, por meio do voto de mais de 54 milhões de brasileiros. Não há democracia sem respeito ao seu principal esteio, que é o voto popular. O PT governou o Brasil pelos últimos 13 anos e foi responsável por avanços sociais históricos, sem precedentes no país e, considerado o período, sem equivalentes no mundo. A legenda, apesar do desgaste imposto pela seletividade da crise política, continua sendo a segunda maior em termos de representatividade, com mais de 1,5 milhão de filiados. O momento é de reencontro do partido com suas bases, de diálogo e, sobretudo, de luta e muito trabalho em favor do Brasil e do povo brasileiro.

Quais devem ser os próximos passos do PT em Holambra? O partido pretende se mobilizar de alguma forma com relação ao impeachment? Não. O PT, em Holambra, vive um momento de reorganização. Essa será a nossa prioridade ao longo dos próximos meses.

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Qual sua expectativa quanto ao futuro do país a partir da gestão Temer? Não tenho expectativas. Se confirmado o impedimento da presidente Dilma, nos resta o trabalho e a torcida pelo Brasil.

Como você avalia o governo Dilma? O desempenho da presidente enquanto articuladora política não comprometeu sua estadia até o fim do mandato? É certo que sim. A falta de diálogo e sensibilidade política foram determinantes para a abertura do processo de impedimento. Não podemos, no entanto, aceitar que essa condição se torne justificativa para uma ruptura do processo democrático. Não há previsão legal para destituição de presidentes sob a alegação de baixa popularidade. Sobre o governo, é preciso reconhecer que Dilma fez escolhas erradas, especialmente na área econômica, e que o relacionamento precário com o Congresso aprofundou esses problemas. Por outro lado, foram muitos os avanços nas questões de justiça social, de inclusão e de combate à corrupção.

A corrupção foi um dos principais argumentos usados pelos deputados que se posicionaram a favor do impeachment, no entanto, o governo afirma que não foi apontado o ato de corrupção que a presidente teria praticado. Como você avalia a corrupção no país? A corrupção não é prática individual ou exclusiva de determinados grupos ou partidos. Ela é sistêmica. A grande maioria daqueles que fizeram uso do discurso de combate à corrupção para aprovar o impeachment são investigados pela justiça ou réus em ações decorrentes dessa prática. As primeiras notícias que surgem a partir do início do governo interino de Temer, que tem apenas alguns dias, já deixam claro que a vitória desses parlamentares no impeachment de Dilma representará uma derrota para o povo brasileiro e para as políticas de combate à corrupção. Basta abrir os jornais.

Você considera o impeachment da presidenta Dilma um golpe? Porque? O impeachment é uma ferramenta constitucional que se dá por meio de um processo político aberto a partir de fatos jurídicos consistentes, comprovados e sem vícios, limitados pelo relatório do pedido. Nesse caso, considerando o flagrante julgamento de questões estranhas ao pedido e não havendo clara tipificação de crime de responsabilidade, o impeachment torna-se desproporcional. E se não é impeachment, é golpe.

Você acredita que a tentativa de inserir Lula no governo Dilma oferecendo-lhe o cargo de ministro chefe da Casa Civil foi um erro estratégico? Particularmente, penso que foi uma escolha legítima e necessária, frustrada apenas pelo apelo midiático e pela parcialidade judiciária. Prova disso é termos hoje, no governo interino, sete ministros investigados sem qualquer questionamento ou intervenção.

Em Holambra a maioria dos vereadores se posicionaram a favor do impeachment. Afinal, ao que se deve tanta rejeição quanto a imagem da presidente Dilma? São muitos os fatores responsáveis pela rejeição do governo. Podemos citar desde os treze anos na condição de vidraça, a crise econômica que atinge diretamente o bolso dos brasileiros e a descrença na política até questões de gênero, a propaganda travestida de notícia e a imoralidade travestida de retidão.

Essa crise política pode afetar as eleições municipais aqui em Holambra? O PT pensa em lançar candidatos em outubro? Acredito que não afetará. São realidades distintas. Em Holambra, daremos apoio total ao prefeito Dr. Fernando pela qualidade e importância do trabalho que vem sendo realizado ao longo de todo o seu mandato. Pretendemos lançar candidatos a vereadores, mas não há nada definido até o momento.

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