28/08/2016

Piet Schoenmaker fala sobre a importância da Expoflora

Um dos pioneiros no evento, Piet Schoenmaker se tornou figura icônica da maior exposição de flores da América Latina e de Holambra.

Leonardo Saimon

Na última sexta-feira (26), Holambra abriu as portas pelo 35° ano consecutivo para receber os 300 mil visitantes esperados na maior Exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, Expoflora. O tema escolhido para 2016 é o Cultiva DeCoração, o desafio para os profissionais do setor foi o de criar projetos paisagísticos e de decoração que contemplem sugestão simples para o uso de flores e plantas ornamentais adequada ao ambiente caseiro.

Mas ao longo de 35 anos de mudanças e transformações na Expoflora, Piet Schoenmaker se tornou a figura icônica do evento e da própria Holambra. Em abril deste ano, ele foi homenageado com uma escultura na entrada da cidade. Enquanto conversa com a equipe do Portal Holambrense, Piet fala sobre o evento e a importância da Expoflora para a cidade. Lembra da família que veio da Holanda nos anos 1950 e da paixão que sente por fazer parte de Holambra.

“Esta festa coloca Holambra no mapa do Brasil e do mundo e muita gente passa a conhecer a cidade”, explica Schoenmaker. Ele lembrou da crise econômica no país, mas destacou o papel que o evento desempenha neste momento delicado. “Não é que a Expoflora não sinta essa crise, mas ela mostra o papel positivo no meio de tantos problemas”, declara.

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Conte um pouco da sua história e de como chegou ao Brasil. Eu cheguei em 1959 com minha família de onze irmãos, na época, tinha 15 anos. Sempre fui um homem do campo. Cheguei para morar em uma casinha e ficamos lá até desocupar um sítio. Então eu trabalhava em cima de trator, trabalhei atrás de burro, de cavalo, preciso aprender a lhe dar com isso. Só que começamos a produzir flores e deu certo e o negócio foi crescendo.  Atualmente, sou casado e tenho seis filhos, nove netos e uma neta. Mas não trabalho mais. Gosto muito de dançar, estou sempre dançando. Minha vida está em função da dança folclóricas.

Como ocorreu sua interação com Expoflora? Como produtor, estou desde a primeira edição. Como dançarino e a pessoa que apresenta as danças folclóricas, desde a segunda Expoflora. No começo, nós tínhamos um grupo de dança e com o passar do tempo chegamos a dez grupos. Agora, estamos em sete. E até uma certa época eu cuidava com uns cinco grupos e eu ia pulando de um para outro. Sempre estava presente com vários deles. Então através disso, eu me tornei uma pessoa que estava em todo o lugar, e sempre em algum palco. Eu também dancei e brinquei bastante com o público e assim fiquei conhecido. Isso há 34 anos.

Quais as maiores mudanças que podem ser vista neste evento? Não é tão fácil de falar sobre todas as mudanças. Mas no começo não tinham muitos expositores, cerca de 50 produtores, e se limitavam apenas a exposição de flores e plantas em um espaço apenas. Mas ficamos surpresos com a quantidade de pessoas que apareceram nesta primeira edição. Foram cerca de 12 mil pessoas em apenas um final de semana. Houve um susto muito grande. Já no segundo ano, entraram outros produtos que Holambra tinha e não somente flores. Eram galinhas, porquinhos, algo como um mini sítio. Na terceira edição, a comunidade também começou a interagir vendendo os seus produtos e passaram ter as barraquinhas. Foi um processo até ser o que é hoje. Então a maior transformação se deu na infraestrutura.

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Hoje a Expoflora tem um papel muito promissor na cidade. Além disso, o que mais a exposição representa para Holambra? Eu acho que a Expoflora é uma grande vitrine para Holambra. Mostra, além das nossas flores e plantas, mostra a nossa cultura. Também revela o quanto sabemos organizar uma festa, já éramos conhecidos pela cidade das flores, mas se consolidou com a festa. As pessoas vinham para a Expoflora e confirmavam tudo que sabíamos fazer. O evento deu visibilidade para a cidade.

Apesar do tempo, você acredita que a Expoflora consegue resgatar a tradição holandesa da cidade? Acredito que sim. As coisas mudaram um pouco, mas ainda temos, por exemplo, as danças folclóricas holandesas. Este ano teremos umas 180 crianças e jovens participando. Além disso, temos muitos confeitarias, que fazem a comida idênticas às holandesa. Enfim, ainda temos muito produtos que remetem a cultura de Holanda.

Como você vê a Expoflora daqui a alguns anos? Fazer essa pergunta para um homem velho é duro (risos). O futuro não me pertence mais. Porém eu acho que a Expoflora, devagarzinho, está se transformando. No início era só uma exposição, hoje é quase um parque, um jardim.

Quais os impactos deste evento para Holambra? O impacto de venda de flores e plantas é mínimo. Se eu falar que é nenhum impacto, estarei mentindo, mas é muito pouco. Tem produtores que nem participa, prefere nem arriscar. Mas ainda assim, percebemos um bom desempenho econômico. Os hotéis da região, na cidade e também até em Campinas, estão cheios. Tem um impacto muito grande e isto alavanca muita coisa para a região. Movimenta muito dinheiro.

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Ao que você atribui a consolidação da Expoflora no cenário nacional e internacional? É um mix de coisas. Dificilmente encontrar uma festa no Brasil em que possa ir toda a família, e todo o tipo de pessoa. Essas pessoas ficam encantadas com tanta beleza além de poderem vir comprar e comer iguarias típicas holandesas. E assim, é uma festa completa. Todas essas coisas são inesquecíveis. Não existe um parque assim no Brasil. E o diferencial está no tamanha, a qualidade, o capricho com o que está sendo feito o evento. Não tem a estrutura igual.

Apesar do cenário delicado na econômica nacional, você acredita no bom desempenho da Expoflora este ano? A gente vive no Brasil, sente o cenário delicado brasileiro. Apesar disso, nossas pré-vendas foram acima do esperado. Bem mais que em 2015. Então a gente tem a expectativa de um grande número de público. Agora, a gente está preparado para um número de compras menor, por isso alguns nem vieram. Eu acho que o público vai vir, mas se vão gastar a mesma quantidade é outra coisa.

Quais são seus ideais? Meus ideais? Eu espero que um dia o mundo inteiro dê as mãos e dancem juntos em lugar de brigar. Sabe, somos todos irmãos. Por que as pessoas precisam brigar? Vamos dançar.

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