30/09/2017

Oficina e Orquestra de Viola reúnem apaixonados pelo sertanejo em Holambra

Aulas contam com alunos de fora do Brasil

Da redação

“Menino da Porteira”, “Chalana”, “Chico Mineiro”. Canções que nunca ficam de fora do ensaio da Orquestra de Viola Caipira de Holambra, realizado todas as noites de segunda-feira no Centro de Cultura e Eventos da cidade. O grupo é composto por 30 pessoas de várias idades, diferentes profissões, nascidas em diversas cidades do país – e até de fora dele. Todas elas, no entanto, com um ponto em comum: a paixão por música sertaneja, interesse estimulado e guiado pelo experiente músico Cristiano Scucciatto, que comanda a orquestra.

Quase metade dos 20 anos de profissão de Cristiano são dedicados à viola caipira. Empenho despertado por um amor que ultrapassa gerações. “Tive uma formação clássica. Toquei muito violão, mas na minha cabeça é normal mudar a afinação. É tudo corda”, brincou. Minha avó adorava Tonico e Tinoco, o meu pai tem umas ‘coisas’ muito caipiras. Eu tenho essa raiz muito forte. Ninguém nega as origens”.

Fã da dupla Milionário e José Rico e de Tião Carreiro, Paulo Roberto Secco faz parte da orquestra desde que ela foi criada em 2015 e, tudo o que sabe, aprendeu com o maestro. Ele é de Barra do Jacaré, no Paraná, e sempre teve vontade de tocar um instrumento. Entretanto foi aqui, na ‘Cidade das Flores’, onde vive há 22 anos, que encontrou a oportunidade.

“Eu sempre achei muito bonito o solo da viola. A gente vai ensaiando as músicas das apresentações e o professor sempre coloca uma ou duas novas no meio para a gente ir aprendendo e aperfeiçoando o que já sabe”, disse. Jardineiro por ofício, Secco conta que nunca passou por sua cabeça fazer parte de uma orquestra e que mesmo depois de participar de uma série de apresentações, até fora de Holambra, ainda fica ansioso na hora de entrar no palco. “Muita gente olhando. Às vezes você fica meio apavorado, meio nervoso, sempre dá um friozinho na barriga. Aí depois que começamos a tocar eu me solto e vai bem mais tranquilo, bem gostoso”, compartilha.

Todas as semanas as mãos de Marcos Antônio Teixeira de Freitas trocam a preparação do cimento, o assentamento de tijolos e o reboco de paredes pelo dedilhar da viola caipira com o grupo. O pedreiro aprendeu a “fazer barulho” com o instrumento aos 16 anos, mas viu na orquestra a chance de se aperfeiçoar. Paranaense de Uraí, ele descobriu em Holambra, onde mora desde 1996, uma forma de resgatar as origens. “Sou caipira. A viola é inseparável, ela conta as histórias da gente”, comenta.

A paixão é tão grande que ele também fabrica a viola que toca. Já foram mais de 30. Cada uma leva cerca de três meses para ficar pronta. “A gente faz do gosto da gente. O instrumento artesanal é outra coisa. Muda o som, o timbre, você faz nas suas medidas”, explica.

E para quem pensa que viola é coisa só de homem (e de brasileiro), nova surpresa. Também tem gringa por trás dos “modão” interpretados pela Orquestra. É a holandesa Anne-Marie van der Broek, que veio para o Brasil aos cinco anos de idade.

Veterana na música, ela toca piano, teclado, violão e se encantou pelas canções regionais, em especial a sertaneja. “É um desafio muito grande para mim fazer parte da orquestra pois a música holandesa é muito ‘quadrada’. Nós também não temos o gingado que se tem no Brasil, somos muito duros”, brincou. “Eu me sinto uma vencedora por estar aqui e conseguir”.

Os desafios, aliás, fazem parte da vida de Anne-Marie, que é musicoterapeuta. Por causa de um problema no punho, ela é a única que não toca viola na orquestra. “Faço os mesmos ritmos, mas na posição de violão 12 cordas. Ele acompanha”, garante.

Oficina Gratuita tem vagas abertas

A Orquestra é resultado da Oficina Gratuita de Viola Caipira oferecida há dois anos e meio pela Prefeitura, com vagas sempre disponíveis para novos interessados.

“Valorizar nossas raízes culturais sempre foi um pedido do prefeito Dr. Fernando. Ter uma Orquestra de Viola Caipira na cidade era um sonho que nos dedicamos muito para se tornar realidade. É um marco dessa administração e motivo de muito orgulho para todos nós”, disse a afirma Alessandra Caratti, diretora do departamento municipal de Turismo e Cultura. “Agradecemos nossos integrantes e queremos que outras pessoas façam parte desse sonho com a gente”.

Segundo Alessandra, qualquer morador pode se tornar um membro do grupo, já que a oficina capacita quem tiver interesse e vontade de aprender a tocar a viola caipira. As aulas com o maestro Cristiano são realizadas às quintas-feiras a partir das 19h no Centro de Cultura e Eventos.

Moradores com idade igual ou superior a 10 anos podem participar. Para se inscrever basta ir ao local com o Cartão Cidadão e o RG. “Nós fornecemos o material didático, mas é importante ter uma viola para poder trazer durante as aulas e para ensaiar em casa. No primeiro dia já dá para sair tocando uma música”, garante Cristiano.

É o primeiro passo para quem sonha em fazer companhia para a Anne-Marie, o Paulo, o Marcos ou até, quem sabe, trilhar uma carreira na música. “Todo mundo pode aprender a tocar. Basta se dedicar e levar a sério que os resultados aparecem. Queremos revelar talentos”, finalizou o maestro.

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