Médico de Holambra fala sobre prevenção contra o câncer de próstata
NOVEMBRO AZUL: Humberto de Lúcia atua há 25 anos na área e diz que ainda há preconceitos quanto aos exames, mas realidade tende a mudar
Texto:Leonardo Saimon/Fotos:Michael Harteman
A fim de orientar pacientes sobre a importância de se prevenir contra o câncer de próstata, entidades e municípios em todo o país tem se mobilizado pela causa Novembro Azul. Holambra aderiu ao movimento e, na última sexta-feira (25), os moradores receberam orientações e materiais referentes à prevenção e à saúde do homem.
Para falar sobre o assunto, o Portal Holambrense conversa com o médico e urologista Humberto de Lúcia, que há cerca de 25 anos atua na área. Durante a entrevista, ele fala sobre sintomas, precauções e preconceitos que circundam em torno deste assunto.
Segundo o médico, sem o tratamento adequado, o câncer pode levar a diversas complicações a até mesmo à morte. A Sociedade Brasileira de Urologia aponta que 51% dos homens nunca consultaram um urologista e como resultado disso, o Brasil registra cerca de 8 casos de câncer de próstata por hora.
Em Holambra, o número de homens que devem procurar o exame até o final do mês será 30% maior que a média mensal.
O que é o câncer de próstata? Primeiro, o que precisa ficar claro é ‘o que é a próstata’. A próstata é um órgão que está localizado logo abaixo da bexiga. E a uretra – o canal que leva a urina da bexiga para o meio externo – passa pelo meio da próstata. Então, ela tem a função de lubrificar e nutrir os espermatozoides. E ao longo do tempo, a partir dos quarenta anos, começa haver uma transformação na próstata, ela vai crescendo e pode criar uma obstrução, o que a gente costuma chamar de hiperplasia benigna da próstata. Então, cerca de 30% a 40% dos homens com cinquenta anos mais ou menos, já apresentam sintomas de hiperplasia: dificuldades para urinar, jato fino, gotejo e micção. Aos oitenta anos, 80% dos homens terão sintomas disso, alguns necessitam de tratamentos e outros não. O que pode acontecer também depois dos quarenta anos, é um crescimento anômalo cancerígeno na próstata. Normalmente, isso vai acontecer após a formação de nódulos na próstata. Com o toque retal a gente consegue palpar os nódulos da próstata. E tem o exame de sangue que aliado a este procedimento vai dar o diagnóstico presuntivo do câncer de próstata. Depois a gente faz uma biópsia de próstata, que se der positivo é porque há um câncer e que precisa ser tratado.
Quais os sintomas que o homem pode sentir para detectar o câncer? Câncer inicial não tem sintomas. Por isso, que se confunde com os sintomas da hiperplasia como falei anteriormente. O câncer são nódulos que estão se formando na periferia da próstata que não vai dar sintomas até que esteja avançado. As vezes tem pacientes que chegam com dor óssea, na coluna e tem metástase do tumor de próstata para coluna que é o primeiro lugar para onde vai o tumor. A pessoa tem que ir se consulta na hora em que ela não sente nada porque se você detectar o problema, detecta logo no início. Tem pesquisas que mostram que só o toque dá 60% do diagnóstico efetivo. O exame de sangue a probabilidade sobre para 80%. Os dois juntos dá 90% do diagnóstico.
“O câncer de próstata é o segundo câncer de maior incidência no homem”
É alta a incidência de metástase? Em câncer avançado é alta a incidência sim.
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologista (SBU) aponta que anualmente cerca de 69 mil casos são diagnosticados no país. Isso mostra que isto é um problema recorrente no Brasil. O câncer de próstata é o segundo câncer de maior incidência no homem. Primeiro é o de pele e o segundo é o câncer de próstata que é uma doença frequente no homem. Por isso, é necessário fazer um rastreamento a partir dos quarenta a quarenta e cinco anos, em homens que tem antecedentes de câncer na família ou que é negro. E após os quarenta e cinco ou cinquenta anos, para homens que não tem nenhum antecedente.
Qual é a realidade de Holambra diante deste cenário? Nós não temos aqui na cidade nenhum número estatístico específico para falar quantos casos exatamente existem. Mas aqui a gente vem fazendo esse rastreamento e o tratamento. Aqui a gente tem um índice baixíssimo de morte por câncer de próstata. Tem alguns casos, mas são raros. O risco de morte aqui é baixo porque a gente vem fazendo esse rastreamento constantemente e há muitos anos e os homens têm vindo. A cidade é pequena, tem o preconceito, mas a gente já conseguiu vencer isso com a informação, que nós levamos todos os anos.
Holambra tem estrutura necessária para diagnosticar a doença? Sim, sim.
“A cidade é pequena, tem o preconceito, mas a gente já conseguiu vencer isso”
O que pode levar o indivíduo, além dos fatores genéticos, a adquirir o câncer de próstata? Nenhum câncer, tem um fator causal que leve diretamente o ser humano a ter câncer. Mas a gente sabe que tabagismo é uma coisa ruim para todo o tipo de câncer, principalmente o pulmão, mas também pode contribuir para o desenvolvimento do câncer de próstata. Carnes vermelhas também pode estar relacionado a este tipo de câncer. Quem ingere álcool, fuma bastante ou come muita carne vermelha pode ter maior propensão ao câncer.
Os ricos de óbitos por câncer de próstata são altos? Isso vai depender do estágio que você vai apontar o diagnóstico. Nos últimos dez anos, os casos de óbitos caíram em 40%, Por isso, nós fazemos a campanha para que o homem a partir dos cinquenta anos deve vir ao urologista fazer o exame todos os anos. Porque se você vem acompanhando o paciente, ou detecta alguma diferença ou no toque ou no exame de sangue – o PSA – e você já desconfia que é um câncer, faz-se uma biópsia. Se evidenciou o câncer, já vai tratar de forma inicial. As chances de cura nesses casos são de 90% a 95%. Agora, se você pega um paciente que não vem acompanhando e chega com um caso avançado de câncer, então as chances de cura caem muito.
“Câncer inicial não tem sintomas”
A SBU também revelou que 51% dos homens nunca foram a um urologista. Isso é resultado de um preconceito que ainda existe? Sim, é resultado de um preconceito. Para mim, são por conta de dois fatores: o preconceito de vir fazer o exame que resulta em piadas que envolve a sexualidade da pessoa e o medo do diagnóstico. As pessoas ficam com medo de ouvir que estão com câncer e por isso começam a fugir. Mas quando se tem um problema é melhor enfrentar logo e resolver. Quanto mais você deixar pior vai ficar e mais difícil será de tratar.
A partir de que idade se torna obrigatório o exame e com qual periodicidade? A partir dos cinquenta anos, todos os anos devem realizar o exame anualmente. Quanto mais velho a gente fica maior a probabilidade nós termos.
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