09/04/2017

‘Mané da Banca’ conta sobre trajetória em Holambra e história de superação

Jornaleiro também fala do papel que a fé desempenha em sua vida no dia-a-dia

Michael Harteman

Se você chegar em Holambra, e perguntar por Alcides Apolinário, certamente terá dificuldades em encontrá-lo. Experimente perguntar pelo ‘Mané da Banca’. “Aí” pronto! As chances de chegar até esse conhecido personagem aumentam significativamente. A Banca do Mané fica localizada ao lado da Rodoviária de Holambra e, além de vender revistas e jornais, o local serve como ponto de esclarecimento para os que desejam pegar ônibus nos arredores. “Que horas passa? Por onde vai? Quanto custa a passagem? É ônibus ou micro-ônibus? Que horas é o próximo?”. Apesar de tantas perguntas, ninguém sai na dúvida. Mané responde, esclarece todas as dúvidas e o faz com simpatia.

Nascido em Itapira (SP), no dia 14 de setembro de 1948, Alcides Apolinário chegou em Holambra no ano de 1962. O pequeno número de habitantes vivia exclusivamente da agricultura, setor que levou a família de Mané ao município holambrense. “Meu pai arrumou um emprego aqui e o patrão dele fez uma casa para morarmos”, conta.

Assim, Holambra crescia em número de habitantes e Alcides Apolinário crescia em experiência. Trabalhou por 16 anos em uma empresa do ramo agrícola, sempre com muito empenho e dedicação, período no qual acumulou diversos amigos.

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A luta

Alcides convive com uma deficiência física que limita sua movimentação. Ainda bebê, teve paralisia infantil. “Fui andar com cinco anos, minha mãe lutou muito para que eu conseguisse caminhar, desde pequeno minha vida é um desafio”, relembra. As dificuldades da doença, no entanto, nunca impediram Alcides de lutar e trabalhar. Assim como lutou para conseguir os primeiros passos, continuou lutando para conseguir conquistar seus objetivos.

Os anos foram passando e Alcides sempre trabalhou, jamais se intimidou com as dificuldades. Em meio aos contratempos, sempre permaneceu com o sorriso estampado no rosto, servindo de exemplo e motivação aos que o cercam. Atualmente, Alcides está solteiro. Chegou a ter dois relacionamentos, entretanto não teve filhos. “Hoje estou sozinho, mas se aparecer uma companheira quem sabe né?”, afirma Mané aos risos. Aliás, os risos permanecem comum na vida de Alcides. “Estou sempre alegre, não tem motivo para estar de mal com a vida”, acrescenta.

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Banca do Mané

A banca de jornais surgiu na vida de Alcides na Expoflora do ano de 1986. Uma campineira trouxe a banca para expor no evento, mas achou caro demais para levar a estrutura de volta a Campinas. “Ela perguntou se eu queria comprar a banca, eu aceite e ela ficou por aqui mesmo, foi aí que comecei a trabalhar como jornaleiro”, relembra Mané.

O negócio começou nas proximidades da Escola Estadual Ibrantina Cardona e, com pouco tempo, o local começou a ficar bastante frequentado pelos holambrenses. Por ouvir – constantemente – as pessoas perguntarem sobre o horário dos ônibus, Mané resolveu se informar e passou, inclusive, a tirar as dúvidas das pessoas que precisavam do serviço. “Eu comecei a ligar nas empresas para eles me mandarem os horários; hoje, tenho tudo decorado. Quando eles mudam um horário já me avisam”, explica.

Em 2016, a Banca do Mané foi transferida para o local atual, ao lado da Rodoviária de Holambra. Com isso, as dúvidas sobre os itinerários dos ônibus passaram a ser mais frequentes. Em vários momentos, durante a entrevista ao Portal Holambrense, transeuntes interrompiam a conversa com diversas perguntas sobre os transportes públicos. “O ônibus pequeno é às dez horas, depois duas e vinte e depois só após às cinco. Nós temos o grande, só que o grande dá a volta pela palmeirinha e o pequeno vai direto”, explicou atenciosamente Mané ao morador.

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Mané presta o serviço sem pretensão nenhuma, apenas pelo simples prazer em informar e bater um papo com os moradores. Ficou intuitivo. Vais pegar o ônibus e não sabe que horas ele passa? Se informe na Banca do Mané! “Às vezes tiro as dúvidas até pelo telefone. Já aconteceu de funcionário da Prefeitura me ligar para perguntar ‘que horas passa tal ônibus?’, aí já deixo claro para a pessoa”, alega o jornaleiro.

De bem com a vida

Atualmente, Alcides trabalha sozinho e explica o porquê prefere ficar sem funcionários. “Eu gosto de tratar as pessoas muito bem, já aconteceu de eu ver funcionário tratando mal os clientes e não aceito isso, dou o meu máximo para tratar as pessoas bem e, por isso, prefiro trabalhar sozinho”, explica. Se depender de Mané, ele jamais sairá da cidade das Flores. “Gosto do que faço e gosto demais de Holambra, não pretendo sair daqui”, ressalta.

Mané atribui sua alegria e força de vontade à fé. “Eu sempre fui uma pessoa que crê muito em Deus, isso sempre me ajudou demais”, exclama. Mané ainda afirma que não há motivos para ficar de mal com a vida, e que se alegra com o simples fato de poder viver. “Vejo muitas pessoas revoltadas com tudo, não adianta ficar reclamando, temos que seguir em frente”, acrescenta ele.

Faça chuva ou faça sol, lá vai estar Mané, na banca de jornais disposto a bater um bom papo. Os que têm a oportunidade de ficar mais tempo com ele, irão conhecer uma pessoa dócil, que trata as dificuldades com muita leveza e sabedoria. Dia vai e dia vem, lá está Mané, chegando com o carrinho elétrico, abrindo a banca para mais um dia de trabalho, sempre concluído com muita dedicação e paixão.

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