26/04/2016

Mães cobram mais vagas em creches de Holambra

Uma moradora chegou a esperar sete meses para conseguir matrícula.

Por Isadora Stentzler

Mães que precisam matricular os filhos em creches de Holambra estão passando por dificuldades. Devido a uma lista de espera com 90 nomes, elas precisam optar por deixar as crianças com membros da família, contratar babás e, em alguns casos, até sair do emprego. Um problema que as tem acompanhado há meses.

Angelita Peres dos Santos teve o filho Heitor em maio do ano passado. Desde então ela entrou em licença maternidade, não voltando ao serviço após o período para cuidar da criança. Em novembro, porém, buscou a Diretoria de Educação para que em 2016 o filho fosse matriculado em uma das creches do município e ela pudesse retornar ao mercado.

Durante a inscrição, ela lembra que foi questionada se estava trabalhando e que a pergunta lhe causou espanto. “Como vou arrumar um emprego se não tenho onde deixar meu filho?”, questionou sentada em sua sala, enquanto relembrava. “Prefiro primeiro achar um lugar para ele e depois começar a trabalhar. Pois, imagine se eu conseguir um emprego que tenha que começar amanhã? Onde vou deixar ele?”, e olha para Heitor.

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Hoje Angelita vive no Parque dos Ipês, próximo a creche Casulo, para onde foi direcionado o protocolo. Trabalhar, para ela, seria uma forma de ajudar na renda familiar, que hoje é composta pelo salários do marido e da mãe, com quem vive, além de proporcionar uma qualidade de vida melhor para Heitor.

O único medo de Angelita é que a lista de espera não seja seguida e outras crianças passem na frente do filho, atrasando mais ainda a inscrição do garoto na creche. “Eu entendo que a cidade está crescendo, o número de crianças aumentando e que também estão sendo construídas novas creches. Só que não acho justo ficarem passando criança na frente porque a mãe se vê obrigada a ir atrás de vereador pra conseguir vaga. Quem realmente precisa ou está esperando fica pra trás. Porque vereador não é pra conseguir fila em creche e sim pra resolver problemas da cidade”, desabafou.

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O mesmo receio tem Janaína Aparecida Silva, moradora do Imigrantes. Na próxima segunda-feira (2) termina a licença maternidade e ela volta ao serviço, mas sem conseguir matricular o filho na creche. “Tem mulheres que têm criança e que trabalha meio período e consegue. E eu que trabalho longe até agora nada”, pontua.

O protocolo para inscrição do filho foi feito há dois meses. Segundo ela, na época informaram que o garoto era o nono da lista, mas na segunda-feira (25) ela teria ligado na Diretoria e sido informada de que era o 10º. “Ela falou que a creche tá cheia e vão chamar pro meio do ano”, conta sobre o telefonema. Mas a informação não ajuda Janaína, já que não pode abrir mão do serviço para ficar com o filho até que haja uma vaga. “Não sei de ninguém que possa cuidar dele. A maioria das pessoas que cuida de criança pede R$ 450 no mês e onde vou arrumar esse dinheiro todo?”

Mesmo quem conseguiu vaga, como a empregada doméstica Priscila Paula, reconhece que há demora no serviço. No caso dela, a filha Clara foi inscrita com quatro meses e só conseguiu efetuar a matricula após sete meses de espera. “Eu ligava no departamento de Educação pra saber como andava o número de crianças na frente dela. Na época [agosto do ano passado] tinha 12 crianças, então o senhor prefeito Fernando postou fotos da nova creche que está sendo construída e disse que até o começo do ano a lista de espera seria zerada”, relembra. Após isso, Priscila continuou ligando no departamento e foi só há um mês e meio que a filha conseguiu a vaga. Durante esse tempo, Priscila gastava R$ 350 por mês para não abrir mão do serviço e não deixar a filha sozinha. Efetuar a matrícula foi um alívio à mãe, que ainda tem outros dois filhos.

Diretoria

Segundo a Diretoria de Educação de Holambra, o problema da falta de vagas é real e existem cerca de 90 crianças na lista de espera. A ordem de chamada é feita de acordo com a inscrição – ou seja, por ordem de chegada – e não prioriza filhos de mães que trabalhem. Só este ano, aproximadamente 40 vagas foram preenchidas e no mês de maio outro chamamento deve ser feito.

Ao todo, o município conta com seis creches públicas localizadas nos bairros Centro, Parque dos Ipês, Groot, Imigrantes, Palmeiras e Fundão, sendo que uma nova creche feita com recursos do Governo do Estado está em fase de construção no bairro Groot desde 29 de setembro do ano passado. A obra orçada em R$ 1,7 milhão terá aproximadamente 815m² de área e capacidade para atender até 130 crianças. De acordo com a Diretoria, as obras estão avançadas e a expectativa é que ela seja entregue no segundo semestre desse ano.

Além deste projeto, ainda deve ser iniciado no primeiro semestre deste ano a ampliação da creche Therezinha Meirelles Kors, no bairro Imigrantes, que passará a contar com duas novas salas.

A Diretoria destaca que nos últimos três anos foram ampliados em 32% a capacidade de atendimento em creches municipais e que  com a entrega da creche Abelha Rainha, em junho de 2013, a fila de espera foi zerada no período.

A expectativa é que com a entrega das novas obras o aumento de oferta seja superior a 67% e as filas sejam reduzidas.

Para as mães com filhos na lista, no entanto, resta a espera.


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