04/12/2016

Lutador profissional de Holambra fala sobre conquistas e desafios do Muay Thai

Edson Proença Lopes tem 28 anos e já ostenta cinco cinturões, quatro medalhas e dois troféus

Texto:Leonardo Saimon/ Fotos:Michael Harteman 

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A vida é dura para Edson Proença Lopes, dentro e fora do ringue. Mas o apoio da família é o que mantém o lutador de pé. Com cinco anos de carreira no Muay Thai, o mineiro já ostenta cinco cinturões, quatro medalhas e dois troféus. Mesmo com todas essas conquistas, a falta de um patrocinador dificulta a jornada nesta modalidade. Ele já pensou em desistir centenas de vezes, mas a esposa não deixa. No corredor da casa, Camila acompanha a entrevista como tem assistido todas as vitórias do marido. Ela acredita que o jovem do sul de minas está no caminho em que deveria seguir.

Se Camila acredita que Edson está no esporte certo, as lutas no ringue confirmam esta convicção. Das 16 competições que participou, ele levou consigo 14 vitórias. Ao ver todo este potencial, os amigos do lutador o ajudam de diversas formas. Sem custo algum, ele treina em uma academia em Holambra, onde conta com uma equipe preparada para torna-lo um campeão. Além disso, treina em duas cidades, Campinas e Pedreira, e tem a assistência de uma nutricionista de Mogi-Guaçu.

Edson luta na categoria de até 77 quilos e nas últimas semanas tornou a ganhar outra competição em Minas Gerais. Neste domingo (04), ele volta ao ringue para outra disputa. Em entrevista ao Portal Holambrense, ele fala sobre a trajetória no esporte e nos projetos para 2017. O mineiro conta sobre os mitos e verdades que rodeiam o Muay Thai e acredita que Holambra precisa de mais iniciativas que visem esta modalidade.

Como começou seu contato com o Muay Thai? Quando eu tinha treze anos, tive meu primeiro contato com o Muay Thay, ainda quando estudava em um colégio agrícola. Só que faz cinco anos, ininterruptos, que eu pratico. Eu era peão de rodeio, mas parei. Depois dessa pausa, eu sentia que precisava fazer alguma coisa que me desse adrenalina. Além disso, eu também sempre gostei de artes marciais. Foi quando eu passei a praticar, mas no começo eu não levava muito jeito. Um dia conversei com o meu professor e disse que queria lutar profissionalmente e isso faz uns dois anos. Quando eu estava no amador, já sentia vontade de me dedicar como profissional. Hoje, eu só vivo do Muay Thai. Já pensei em desistir porque o esporte é uma área muito difícil, ainda mais os que são ligados a artes marciais.

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Quais foram suas conquistas em competições? Fui campeão na copa interestadual, meu primeiro título amador. Depois fui campão no GP Combate e Força 5, em Limeira. O terceiro foi o campeonato brasileiro amador. Em 2015, fui campeão paulista no amador também. Então, no amador, eu sou bicampeão brasileiro. No final do ano passado, fiz a minha estreia no profissional e ganhei na copa mineira de Muay Thai e Jiu-Jtsu, em Campanha/MG.


“Já pensei em desistir porque o esporte é uma área muito difícil”


Quantas lutas você tem ao total? Eu tenho 16 lutas profissional, e dessas eu ganhei 14. E das 14, eu ganhei 13 por nocaute.

Quais sãos os desafios que você tem enfrentado desde que optou pelo Muay Thai profissional? O desafio mais difícil está na parte financeira. E no meu caso ainda fica mais difícil porque sou casado e tenho duas filhas. Então, as vezes eu não tenho dinheiro.

Das lutas que você enfrentou qual foi a mais difícil em sua concepção? Foi a do troféu Showndown. O nível desse competição foi alto.  Nesse evento, foram escolhidos os melhores atletas do país. E eu consegui participar.  Lutei contra um cara muito bom lá de Praia Grande em Santos. E cidades como São Paulo e Santos estão com um Muay Thai muito bom, bem próximo do que é praticado na Tailândia. Essa luta aconteceu na Mooca, em São Paulo e foi realizado pela Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais (Feplan) em julho deste ano. Esta federação tem promovido diversos eventos legais que tem valorizado os profissionais desta área.

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“Tem gente que acha que ser lutador é ser vagabundo”


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Qual a diferença entre o Muay Thai e o Kickbox? São duas coisas completamente diferentes uma da outra. Aqui no Brasil, as pessoas confundem muito essas modalidades e quem vê e não conhece pensa que é a mesma coisa. As diferenças estão principalmente na postura do lutador, a pontuação da luta, um golpe válido no Muay Thai é diferente do golpe válido no Kickbox.

Há algumas semanas você ganhou o título brasileiro. Como foi essa luta? Esse campeonato foi realizado pela confederação da qual eu faço parte. Existem várias confederações, mas esta Confederação de Muay Thai do Brasil (CMTB) é a única reconhecida pelo Ministério do Esporte. E como eu já sou bi campeão desta confederação, eu fui um dos selecionados para disputar o título. Eu e mais três atletas. Só que no meio do percurso, na última semana, dois atletas desistiram. Era para ser quatro atletas disputando o título e duas lutas para saber quem seria o campeão. Um dos atletas se lesionou e o outro não conseguiu bater o peso. A disputa ficou entre o William Borsetti, da cidade de São Gonçalo do Sapucaí/MG e eu.


“Quando eu estava no amador, já sentia vontade de me dedicar como profissional”


Quem foram as pessoas fundamentais nessa sua trajetória? Primeiramente foi Deus. Minha mãe, sem dúvida, porque se não fosse por ela eu não estaria aqui. Ela sempre me apoiou, sempre me incentivou. Minha esposa também. Eu já quis desistir, mas ela não deixa. Fica sempre ao meu lado. Meu treinador Pedro Fermino, que me ensinou a ser como eu sou. Eu sempre brinco ao dizer que ‘se hoje eu sou ruim porque ele foi ruim comigo’ (risos). Meu mestre André Gomes, que também me ajudou bastante. E meu amigo Luz, que é o cara que me ajuda muito. Ele é meu aluno e é um cara que sempre me dá suporte. Por fim, meu preparador técnico Maicon Sensati, o Henrique da HM NutriSport, que me ajuda com a suplementação e a dr. Karina, minha nutricionista de Mogi Guaçu.

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Você acredita que ainda há preconceitos relacionados ao Muay Thai por ser uma modalidade de luta? Acho que preconceito não tem muito mais não. O que eu acho que falta é mais informação correta para as pessoas. Porque existem muitos mitos na internet. O que há de preconceito na minha concepção é de as pessoas acharem que Muay Thai não pode ser profissão. Tem gente que acha que ser lutador é ser vagabundo. E o preconceito das empresas em acharem que este tipo de modalidade não dá retorno financeiro. O que é um equívoco. Existem, hoje, muitas pessoas envolvidas nisso.

Quais são os planos para o próximo ano? No ano que vem vou passar um mês na Tailândia. Um amigo me deu a viagem. E durante este período eu vou treinar e lutar por lá também.


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