12/09/2016

Fome de justiça

‘Fome’ mistura ficção com documentário e aborda um assunto bastante familiar ao brasileiro

Ambientado em São Paulo, ‘Fome’ aborda um tema de conhecimento público: a desigualdade social no Brasil. O filme parece ser uma mistura entre documentário e ficção. O protagonista é o famoso crítico e professor de cinema Jean-Claude Bernadet, o qual tem uma consagrada carreira no cinema brasileiro.

Diversas pesquisas indicam quão impactante pode ser a desigualdade social em um país, basta tomarmos como exemplo o Brasil. A falta de oportunidades iguais entre cidadãos, o precário sistema educacional e outros grandes desafios em áreas sociais aceleram as terríveis consequências da desigualdade. A educação pode ser um aliado no combate às gritantes diferenças entre brasileiros, mas é engano pensar que ela por si só consegue alterar um cenário social tão instável.

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Enquanto alguns ganham milhões, outros moram nas ruas e passam pelas adversidades do dia a dia; sentem fome, frio, calor em excesso etc. O protagonista de ‘Fome’ é justamente uma dessas pessoas. Um morador de rua que perambula pelas ruas de São Paulo, capital de nosso estado e que comporta casos reais e semelhantes ao do protagonista do filme. Na cidade, ‘fervem’ grandes empresas, centros industriais e, consequentemente, há grandes empresários; mas também ‘fervem’ pessoas com baixa renda, as quais travam uma luta diária para colocar alimento dentro de casa.

Ademais, o longa-metragem vai tratar sobre a frieza e impotência que faz seus habitantes muitas vezes se acostumarem com a desigualdade social, sendo que, possivelmente, haverá algum momento do dia em que se vê um morador de rua dormindo no relento, algum pedinte no semáforo, além de crianças que trabalham pedindo ajuda para comprar pão. O protagonista da história será entrevistado por Ana Carolina Marinho, uma jornalista que coleta dados sobre mendigos para um estudo que está realizando.

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Um ponto muito interessante e facilmente perceptível é a solidão, abandono, descaso e invisibilidade dos moradores de rua para governos municipais, estaduais e federais. Logicamente, a revolta de quem convive de perto com casos como o do filme e que tentam, esforçadamente, recuperar a dignidade de uma vida justa para esses moradores de ruas, como também oferecer o mínimo de conforto e compaixão – sentimentos esquecidos por uma sociedade tão consumista e manipuladora – existe, e teremos como exemplo a própria personagem do filme, a jornalista.

Resolver casos como o do filme ‘Fome’ não é fácil e nem mesmo imediato, pelo contrário, se há um desafio grande do povo brasileiro, é admitir a necessidade de mais transparência, ajuda e mudança.

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Verônica Lazzeroni Del Cet é estudante de Letras na Unicamp


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