12/02/2017

Diretor dos Escoteiros fala sobre atividades que grupo desempenha em Holambra

Carlos Gouveia é voluntário há cerca de 11 anos e fala das iniciativas do projeto no município

Leonardo Saimon

Há mais de 60 anos, o grupo de escoteiros em Holambra tem feito a diferença. E mais que isso, a entidade remonta a história da imigração holandesa no Brasil. Atualmente, esses adolescentes desenvolvem atividades que visam o bem estar social e o altruísmo. Os meninos e meninas trabalham, todos os meses, em ações que contribuam para o crescimento físico, mental e social. Nestes últimos dias, a entidade contou com a inscrição de novos egressos para o ano de 2017.

A missão e o desafio de dirigir esta juventude é do voluntário Carlos Gouveia que há uma década é líder dos escoteiros. Durante entrevista, ele fala sobre a entidade e quais são as atividades que estes adolescentes realizam em Holambra. “Eu digo que os escoteiros me mantêm vivo, conectado com os jovens. Para mim, é muito importante ter esse vínculo”, reforça Gouveia.

Em dezembro de 2016, a Câmara Municipal de Holambra aprovou o grupo de Escotismo como atividade de utilidade pública para a cidade. Gouveia explica quais benefícios este status trará para eles.

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Quem são os escoteiros? Esta é uma entidade que leva o desenvolvimento para os jovens e adolescentes através de uma proposta lúdica, uma proposta ambiental, e também dá um suporte na educação. Eu costumo dizer que é a única instituição que eu consigo identificar, atualmente, que consegue juntar pessoas de classes sociais completamente diferentes, religiões diferentes, etnias diferentes, enfim, é uma instituição bem plural. Querendo ou não, hoje, as pessoas são divididas. E aqui a gente tem jovens e adolescente que representam toda a pluralidade da comunidade. Então, isso pra mim é muito legal. São jovens que têm um direcionamento para natureza, que gostam deste tipo de desenvolvimento, desses desafios, desses jogos e associativismo.

Apesar da influência tecnológica nos jovens desta geração, ainda há procura por este tipo de atividade? Sempre vai ter. Eu acredito que a juventude de hoje tem muito mais oportunidades do que a minha. Hoje eles têm muitas opções. A gente tem que lidar com isso. Por que eles buscam este tipo de atividade? Porque é natural do ser humano estar próximo da natureza, este também é um momento de convivência social. Eu percebo que o ser humano sempre vai buscar isso. A gente precisa ser atrativo para poder trazer esses jovens para cá. Do contrário, eles vão para outras atividades. Ou ficam em casa, porque em casa existem muitas coisas que se pode fazer. Os games, a internet são grandes competidores contra os quais nós temos que lutar para poder atrair esses jovens. E o que eles vão encontrar aqui? O companheirismo e atividades que eles não encontram em lugar nenhum. Atividades ligadas ao pioneirismo, atividades ligadas à Ecologia. O mais legal é que tem muita aventura.


“Temos jovens e adolescente que representam toda a pluralidade da comunidade”


Há quanto tempo o grupo de Escotismo existe em Holambra? O grupo de Escoteiros de Holambra tem 63 anos. Seguramente, da região, este é o grupo mais antigo. O grupo nasceu através dos imigrantes holandeses que vieram para cá e trouxeram essa cultura, a qual os jovens podem ter outras alternativas de desenvolvimento e até de entretenimento. São 63 anos de história, é muita bagagem.

O diferencial deste grupo está na ligação do mesmo com a história do município? Exatamente! Holambra já tem uma peculiaridade que é a questão do trabalho associativista. As pessoas se juntam em prol de um movimento e trabalham de forma voluntária; e isso é bem forte. Esse fato ainda perdura, menos do que no passado, obviamente, mas perdura. E o movimento de Escotismo tem essa característica. São todos voluntários, pessoas que se dedicam em prol do outro. Indivíduos que se desenvolvem em prol do próximo. Isso funciona muito por conta da característica da cidade. A cidade promove isso.

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Atualmente, o escotismo de Holambra tem algum vínculo com a igreja Católica? A nossa associação hoje é independente. Nós temos CNPJ, somos uma associação sem fins lucrativos e que tem sua independência. No que diz respeito à religião, nós também somos muito plurais. Não temos uma ligação direta com a religião “A”, “B” ou “C”. E o escotismo não é pautado em cima da doutrina católica ou cristã. Ele tem sim alguns valores da religião cristã.

Há quanto tempo você participa do grupo? Há 11 anos.

Como você passou a frequentar os escoteiros? Foi por causa da minha filha. Ela era escoteira, e um dia veio um recadinho no caderno dela dizendo que o grupo estava precisando de líderes, até para que o movimento se mantivesse vivo. Eu me toquei com aquilo porque eu achava muito legal as atividades que minha filha fazia e vim aqui ver o que era. Eu nunca tinha sido escoteiro, não sabia que eu poderia ser um líder escoteiro. Cheguei aqui e fui muito bem recebido. Passei por um treinamento durante um ano e este treinamento é na prática. E como eu gosto desse negócio da natureza, da aventura, eu acabei ficando.


“No Escotismo, as pessoas se dedicam em prol do outro”


Quantos voluntários existem hoje à frente do grupo de Escotismo de Holambra? A diretoria tem cinco pessoas. Entre os líderes, a gente conta com uns 20 voluntários.

Como funciona a divisão entre os grupos dentro do Escotismo? Os grupos são divididos por faixa etária. Entre os menores, a gente tem os Lobinhos e as Lobinhas – que vão de oito a 11 anos. Depois tem os Castores, grupo dos meninos, e as Colibris, para meninas – que variam de 11 a 14 anos. E por último tem as Gaivotas e os Falcões que têm entre 14 e 18 anos. Quem sai desse grupo e continua no escotismo se torna líder.

Quantos escoteiros há em Holambra? Oscila muito. Mas deve estar oscilando em torno de 200 jovens e adolescente.

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Que tipo de atividades vocês fazem? A gente tem as preparações dentro da sede. A gente trabalha os treinamentos para os menores, outros treinamentos mais internos, a forma de viver o escotismo. E depois a gente vai para parte prática onde a gente sai a campo. É um trabalho dentro da sociedade como coleta de lixo para ensinar sobre reciclagem, a importância de manter a cidade limpa. Os maiores fazem um bingo comunitário para arrecadar dinheiro para o acampamento, que ocorre no final do ano. A gente faz arvorismo, pesca, rafiti, escaladas, são sempre atividades ligadas a natureza e que tenha aventura.


“Quem participa do movimento de escoteiros são jovens diferenciados”


Recentemente, a Câmara Municipal de Holambra aprovou o Escotismo como utilidade pública no município. Como você reagiu a esta decisão? Eu fiquei muito feliz, mas não fiquei surpreso. Porque é um movimento tão reconhecido, tem 63 anos. Todo mundo conhece o trabalho dos escoteiros aqui na cidade. É uma forma de reconhecer o trabalho que os pioneiros fizeram pelos jovens e que hoje são líderes. E que estão na sociedade. Eu escuto muito dos pais e dos patrocinadores: quem participa do movimento de escoteiros são jovens, são adolescentes diferenciados porque tem valores diferenciados. Eu fiquei feliz porque este é um trabalho que não tem vínculo político, não tem vínculo religioso e é plural. Então, não tinha nenhum ponto que pudesse dificultar esta conquista.

Como surgiu a proposta de vocês se tornarem pauta na Câmara? A ideia partiu daqui do próprio movimento. Porque a gente tem procurado novas maneiras de administrar e trazer recursos. E o título de utilidade pública abre uma chancela, uma oportunidade de a gente conseguir recursos municipal, estadual, federal por meio de projetos. Pedimos o apoio da vereadora Jacinta e fomos muito bem atendidos e de forma rápida.

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