11/12/2016

“Eu ganhei sem apoio do Executivo”, dispara Pernambuco

Apesar de ter saído como candidato de base, Eduardo da Silva (PSD) afirma que fará oposição na Câmara

Texto: Leonardo Saimon/ Fotos: Michael Harteman

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Entre os nove vereadores, ele foi o quinto mais votado. Eduardo da Silva (PSD), popularmente conhecido como Pernambuco, conquistou 349 votos dos eleitores holambrenses. Ele acredita ter desempenhado um trabalho transparente nestes últimos quatro anos e garante que será mais agressivo no modo de fazer política. Durante entrevista ao Portal Holambrense, Pernambuco fala sobre o cenário político da cidade e quais são os maiores problemas e desafios que o município tem enfrentado.

Apesar de ter se lançado com candidato de base, foi um candidato independente e que fará oposição nos próximos quatro anos. “Eu ganhei sem o apoio do Executivo. Mas isso não quer dizer que vá vetar projetos que são bons para população, o que for bom eu aprovo. Mas eu vou cobrar e fiscalizar ainda mais”, garante o parlamentar, enquanto revela o porquê de ter tomado uma postura cada vez mais crítica.

O vereador também explica a causa de ter votado contra o projeto de lei que previa a revisão da Lei Orgânica do Município (LOM) e fala sobre quais devem ser suas prioridades no próximo mandato.  “Eu fui um candidato independente nas eleições e o fato de eu ter ganhado com 104 votos a mais, mostra que eu estou no caminho certo”, frisa.

Pernambuco, você teve um número expressivo de votos. A que você atribui este resultado? Eu acho que é porque sou muito transparente. Ao meu ver, a transparência na política precisa existir. Esse negócio de as pessoas falarem que todo o político é corrupto, isso não é verdade. Eu sempre trabalhei como muita transparência, muita transparência mesmo. E aqui, eu sempre atuei muito pela razão e não pela emoção. Todos os projetos que passaram por esta Casa, eu me inteirava bastante com o jurídico da Casa. Eu acredito que minha reeleição foi por conta da confiança que eu passei para população. A população não me viu com cargo em Prefeitura, a população não me encontrou com parente dentro da Prefeitura. A população não me viu ‘agarrado com o prefeito’ vinte e quatro horas. As pessoas viram um vereador atuando e discutindo situação favorável à população e a Holambra. Acredito que foi isso porque eu fui o único candidato à vereador que não tive apoio de prefeito e nem vice-prefeito, eu fui praticamente um candidato à reeleição independente. E quando a vitória veio, foi o povo, isso me fortaleceu mais para continuar trabalhando.

O que deve ser prioridade como vereador nesses próximos quatro anos? É procurar errar menos do que errei. Agora eu acredito que tenho que analisar ainda mais os projetos que virão do Executivo e os que vão ser propostos aqui nesta Casa. Quero estar mais junto com o jurídico da Casa, e já conversei com eles para que eles estivessem me orientando mais. Eu vou ser mais agressivo na política, ‘brigar’ no bom sentido. Fiscalizar mais, porque eu cheguei à reeleição sendo o único candidato que aumentei a votação em 104 votos. E eu sou oposição. Até o Executivo ‘bateu no peito’ e disse que eu não levava essa eleição.


“Meu trabalho é para o povo e não para o prefeito”


Na sua concepção, qual o maior problema de Holambra? Holambra tem vários problemas! Um deles é o esporte que está abandonado. O esporte acabou. Agora, o maior deles, que foi um golpe que nós [vereadores] levamos aqui, principalmente do Executivo, foi esse projeto da água.  Ele [Dr.Fernando] veio com o projeto e prometeu para todos os vereadores, que o aumento na cota da água seria entre R$ 10 a R$15. E nós vereadores, acreditamos nele. Ele disse que fecharia com essa empresa para tomar conta da nossa água e, se não desse certo, em um ano ele cancelaria. Depois de alguns meses, a pessoa que pagava em média R$ 50, passou a pagar R$ 120/R$ 130. Tem conta de água aqui que chegou a quase R$ 300. Um dia eu peguei 42 contas de água e o procurei para mostrar o aumento. Ele disse que não poderia fazer nada. Esse foi um dos motivos para que eu saísse da base porque eu era um dos líderes do governo. Eu não quero dizer que Holambra está um caos, mas tudo que foi concretizado aqui não foi plantado por ele. O que plantou, não cuidou.

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Pernambuco, você disse que é oposição, mas saiu como candidato pela base do Dr.Fernado. Por quê? Eu sai pela base porque eu não tinha outro caminho. Até três meses antes das eleições, o presidente do meu partido Fernandinho Capato era o pré-candidato a prefeito. Se você pegar os documentos, você vai ver que eu falei várias vezes em tribuna que ele era o meu pré-candidato e que ele mandava eu dizer isso aqui. Eu estava firme com ele. O vereador Jesus e eu. Depois houve um acordo entre eles e ele saiu como candidato a vice. Eu então tinha duas opções, ou ser candidato ou desistir da campanha. Eu consultei minha família e os meus amigos porque você não toma atitudes sozinho, existem pessoas por trás, dando conselho e resolvi me candidatar. E para você sair na base não precisa estar grudado com o prefeito, e ele sabe que eu não o apoiei. Até o presidente do meu partido, Fernandinho Capato, soube que eu sairia sem apoiar eles.

Mas antes de você adotar postura de oposição, você era da base. Por que dessa ruptura? Porque o Executivo hoje não passa confiança para ninguém. Por conta desse problema da água. E hoje a doença forte de Holambra está aí, e a conta da água não para de crescer. Eu tinha o Executivo como um irmão e uma confiança que não tinha tamanho. Mas essa confiança durou entre nove a dez meses. Foi isso que me fez afastar. E o fato de eu ter sido reeleito sem apoio do prefeito mostra que não dependemos dele. E isso me dá uma energia. E é isso que quero provar.  A palavra é esta, ‘provar’ que não precisamos do Executivo para fazer política, nós precisamos da população. E eu quero deixar bem claro que eu sou funcionário da população. É para população que eu devo todo o respeito, atenção. Meu trabalho é para o povo e não para prefeito.


“Acredito que minha reeleição foi por conta da confiança que passei para população”


Você acredita que Margareti faria um governo melhor, caso fosse eleita? Eu acho que sim. Agora, vou explicar o porquê. Na verdade nós iríamos trocar seis por meia dúzia. Mas por que a minha impressão de que ela seria melhor? Porque a Margareti, apesar da Câmara travá-la durante os quatro anos, ela teve um convênio de Saúde com o Hospital Bom Samaritano, o Esporte com ela funcionava, a Educação de Holambra era uma das melhoras na época dela. A água tinha seus problemas? Tinha, mas ela não mexeu no bolso dos pobres. Aqui na Câmara nós temos quatro projetos dela, de 2009 a 2012, de frente de trabalho, mas que não foi aprovado. Só que ela abandonou a cidade na limpeza e no visual que se vê hoje. Se ela tivesse feito isso, ela teria ganhado a eleição. Então eu acho que na experiência que ela teve na primeira, ela teria feito um governo melhor. E o que a travou de trabalhar foi a Câmara.

Você tem pretensões em assumir a presidência da Câmara? Não, não. Tenho alguns colegas aqui que querem, mas eu não estou analisando esta possibilidade não. Porque há quatro anos, vou ser bem sincero para você, votei no presidente de Câmara por causa do prefeito. Por esses e outros motivos, que falei a você anteriormente que eu irei procurar me orientar mais, vou fiscalizar e vou me preparar mais também.

Uma de suas maiores reclamações em tribuna é a falta de retorno da Prefeitura referente às indicações. Você afirmou que existe uma demanda grande de indicações dos vereadores, mas que o Executivo não responde essas proposituras. Por que você acha que o Executivo adota esta postura? Eles não respondem, nem que sim e nem que não. E você entrou em um ponto muito importante. Eu acredito que o prefeito não tem obrigação de fazer o que o vereador indicou. Mas ele tem obrigação e a responsabilidade de dar esse retorno para o vereador. Ele precisa dizer para o vereador que vai fazer daqui a trinta dias, um mês ou que não dá para fazer. E a falta de respeito é essa. Não se dá retorno de nada. E cerca de 60% das indicações são proposituras sérias. Fiz uma indicação séria de combate à dengue, fiz outra referente à merenda. Tem crianças aí que tem diabetes, refluxo e vários outros problemas, mas não tem uma merenda adequada para aquela criança. Ele vendeu a merenda e então essa empresa tem que se adequar a essas crianças. Fiz uma indicação sobre a educação de trânsito nas escolas com auxílio de profissionais que estariam uma vez por semana nas escolas ensinando a criança desde os sete anos. Fiz outra indicação maravilhosa que foi até sugestão de um amigo do Pará, em que os três melhores alunos conseguiriam uma bolsa para fazer um curso preparatório pago pela Prefeitura para ingressar em uma faculdade.

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Mas você acredita que há custos para viabilizar a concretização destas indicações? Com certeza! Tem coisas que são muito mais importantes e que não são feitas. Quando se fala em Educação, por exemplo, as verbas vem do Governo do Estado. E isso não iria custar tanto aos cofres públicas. A Prefeitura também poderia firmar parcerias com escolas da cidade que são maravilhosas, mas não há interesse.


“Fui praticamente um candidato independente”


Pernambuco, você foi um dos vereadores que votou contra o Projeto de Lei da Revisão da Legislação Municipal. Por quê? Nós votamos contra porque não sabíamos em que estávamos votando. Agora eu vou te explicar o porquê de nós não sabermos. Faz quatro anos, que essa lei estava engavetada. Começou a revisão em 2013. E já na época eles pagaram o advogado que faria o trabalho, mas o projeto ficou engavetado. Depois que o falecido Géza faleceu, ninguém tocou mais no assunto. Com essa mudança na Câmara a partir do ano que vem, de uma hora para outra eles [os integrantes da mesa responsável] apavoraram. A gente também queria saber quais eram esses artigos que haviam sido mudados. Eles não sabiam responder.

Vereador, eles apresentaram uma proposta para adiar esta votação em três semanas, ainda assim você votou contra. Votei contra e por que votei contra? Ainda é que vem a questão do respeito que eu falo para você. Você tem ideia de quanto tempo a gente vem cobrando essas mudanças? A gente já tinha pedido para que o advogado contratado viesse explicar essas alterações porque senão isso não iria passar. Eles não nos escutaram. Mas a partir do ano que vem, nós vereadores, principalmente os que votaram contra, e o jurídico, vamos resolver essa questão.

A Câmara será composta somente por vereadores que compõe a base do Executivo. De que forma você vê este cenário? Eu vejo que está tendo uma mudança em relação a isso. Eu sinto essa postura dos meus colegas. Eles sabem que alguma coisa precisa mudar. Porque também tenho colegas que foram eleito sem apoio do Executivo. E eu estou sentindo neles uma vontade, uma vontade de cobrar mais, fiscalizar mais.

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